Jason
O ANEL DE ÁGATA ERA, entre os dedos de Jason, só mais um lembrete da mentira que ele havia contado para que ela lhe desse a brecha que precisava para ir até o covil de Valerie. Estava mais fraco agora; a ausência do poder sussurrando contra a pele o quanto ele precisava tê-lo de volta. O Fogo fazia parte de quem era. Sem ele, era um Jason diferente, um Jason impotente que precisava viver sob a proteção dos outros. Quando soube que havia a chance de recuperá-lo, não hesitou. O teria de volta. O Fogo seria seu novamente e Jason faria aquele bruxa demoníaca arder até virar cinzas por tudo o que fizera com ele, por tudo o que fizera a Ágata. Só de pensar que poderia ter sido ela e não ele... Ela a ter sua magia roubada, ela a ter pesadelos no meio da noite esperando aquelas criaturas sombrias aparecerem para tirarem um pouco mais da sua essência a cada dia... Jason teria morrido. Teria morrido por ela. Teria escolhido passar por aquilo mil vezes, se necessário, para garantir que o mesmo não houvesse com sua esposa.
A palavra o aqueceu imediatamente. Estava indo sem ela por uma boa causa. Colocar a vida de Ágata em risco nunca fora um opção, nem nunca seria. Ela era dele, e ele lutaria até seu último suspiro para mantê-la a salvo. Mesmo que isso normalmente gerasse um atrito ou outro entre os dois, que ela estivesse mais geniosa desde que se casaram e que a magia Elemental começou a dar sinal de vida em seu ser. Mesmo que ela fosse tão linda que ele precisasse desviar o olhar muitas vezes para simplesmente não fazê-la ser dele do jeito que queria tanto.
Um sacudir de arbustos atrás dele o tirou de seus devaneios, fazendo com imediatamente levasse a mão ao cabo da espada de ouro Elemental cravejada de rubis e metesse o anel no bolso de trás da calça de couro. Podia estar sem poderes, mas havia passado toda a infância recebendo treinamento como guerreiro, sem ter nenhum privilégio como príncipe, ao contrário, a mão era mais firme com ele exatamente por isso. Se houvesse alguma ameaça que fosse algo além das sombras que levaram sua magia, Jason deceparia a cabeça dela.
Uma vento forte começou, sacudindo as árvores e levando os pássaros a alçar vôo para longe dali. Um trovão foi ouvido, e quando Jason se virou, seu coração quase parou com tamanha surpresa. Ele queria dizer alguma coisa, mas a mulher a sua frente o cortou, em tom gelado:
- Você achou mesmo que ia me abandonar? - Ágata começou, o rosto duro. - Achou que ia mentir descaradamente e ia ficar por isso mesmo?
Nesse momento, Jason começou a pensar se não teria sido melhor enfrentar as sombras novamente. o
- Aggie... - começou, com a expressão terna.
Mais um trovão foi ouvido, e dessa vez veio acompanhado de chuva. Muita chuva.
- Cale a boca. - Ágata ordenou, os cabelos brancos encharcados começando a colar em volta de seu rosto. - Estou com vontade de matar você.
Um sorriso malicioso quase instantâneo se formou nos lábios de Jason, mas ele se conteve antes que ela percebesse. Ela fica tão sexy quando está brava.
- Peixinha. - ele chamou, mas Ágata estava imersa demais na sua raiva por ter sido enganada, traída, por ele.
- Mentiu pra mim. Mentiu e além de tudo me trancou no quarto. Como você ousa? Não sou sua bonequinha, não sou seu brinquedo. Tenho vontades próprias, você não pode me impedir de realizá-las por um capricho ou simplesmente por não achar seguro.
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Crônicas de Água e Fogo: O Elemental
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