54: Destruição Elementar

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Jason

ABRI OS OLHOS DEVAGAR, me sentindo em paz de uma forma que eu não lembrava de ter me sentido havia muito tempo. Ter me aberto completamente com Ágata, - mostrando minhas fraquezas e dividindo meus sentimentos do jeito mais puro que eu pude, - fora uma coisa que fui adiando por um medo estranho da rejeição: de acabar descobrindo que o meu eu verdadeiro, a outra faceta do Príncipe de Fogo, a parte que também continha cinzas, não fosse suficientemente boa para ela.

Estiquei o braço para puxá-la para mais perto de mim, só para sentir o frio do seu lado vazio da cama. Levantei de imediato, sobressaltado. Era cedo demais para que ela já estivesse de pé, ainda mais quando seus hábitos eram de dormir até tarde.

Minha cabeça já começava a girar com mil e uma suposições, até meu olhar pousar em uma bandeja de café da manhã sobre a cômoda, com um envolope de carta fechado. Peguei-o entre os dedos, lendo a mensagem que havia na frente:

Não vá abrir depois de comer, se não pode vomitar.

V.

Imediatamente fiquei alerta, o coração retumbando com força contra o meu peito. Que porra era essa? Algum tipo de brincadeira de mau gosto, é isso?

Rasguei o envelope, com raiva.

Querido Jason, (ou se fará você se sentir melhor, Vossa Majestade)

Tenho a honra de convidá-lo para o maior duelo de sua vida. As competidoras você já conhece, o prêmio do vencedor é o Trono Elementar e a punição do perdedor é nada mais que a Morte.

Não se preocupe, acertamos alguns pontos antes de tornar a ocasião oficial, como por exemplo, quando a sua esposa morrer, eu pouparei a vida de seu filho e você talvez ainda possa ficar com ele.

Nossa querida Rainha Elemental não queria que você soubesse, mas deixar o próprio Rei de fora da maior festa que Goddess Falls já viu? Seria maldade demais até pra mim.

Vista sua melhor roupa, seu assento já foi reservado.

Com carinho e muita satisfação,

Sua Destruição.

O papel era nada mais que cinzas queimando em minhas mãos antes que eu pudesse sequer piscar. O que Ágata havia feito? Para onde é que ela tinha ido sem me dizer, sem me dar nenhuma pista? Sozinha. Grávida. Por Deus, ela estava indo mesmo de encontro à Valerie, a mulher que havia nos enganado tantas vezes, sem nenhuma garantia, sem nem ao menos...

Só se ela estivesse pensando que isso acabaria ali.

E que não acabaria de um jeito que eu fosse gostar de saber.

Por isso ela estava daquele jeito. Parecendo plena, como se estivesse aproveitando o tempo que restava. Senti lágrimas de raiva borrarem minha visão, um riso de nervoso escapando de meus lábios.

Como se eu fosse permitir.

Vesti meu traje de luta o mais rápido que pude, não me preocupando em levar espadas ou arma nenhuma. Saí em disparada do Palácio, e a minha escolta da Água e do Ar, percebendo a minha consternação, vieram atrás de mim, um deles perguntando:

- Vossa Majestade precisa de nossa presença para contê-lo?

- Não. - eu disse, em tom grave. - O lugar para o qual estou indo precisa arder como o inferno. E vou me certificar de que seja exatamente o que aconteça. - declarei, antes de invocar o Pássaro de Chamas e partir em busca da minha esposa.

Crônicas de Água e Fogo: O ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora