19 - A defesa

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- Senhoras e senhores - iniciou o Dr. Griffiths - Hoje iniciamos o julgamento da minha cliente, a Srta. King, acusada de planejar e matar por envenenamento sua colega de classe escolar, Emilly Wilson. Existe uma regra na justiça que é a mais tradicional e perfeita já criada, que serve para todos os casos que vão para o júri popular, onde a pessoa é inocente até que se prove o contrário. Seguindo nessa linha de raciocínio, para todos aqueles aqui presentes, sem exceção, deverão observar essa regra com clareza e a fazer cumprir em suas mentes, para não correr o risco de cometer uma injustiça...

O defensor parou, olhou para os presentes lentamente, depois continuou.

- Relembremos o famoso caso de George Kelly, que foi executado injustamente no Reino Unido em 1950 por assassinato. Não podemos afirmar com certeza um fato sem ainda termos conhecimento de todos os detalhes que o envolvem e assim, de forma precipitada, formar uma opinião baseada em suposições. Não fosse assim, não necessitaríamos ter todo o trabalho de montar esse espetáculo, de escolher com rigor membro por membro do júri, de trazer todas as testemunhas que serão atentamente ouvidas e de esperar o veredito final de nossa Excelência, o juiz. Bastava achar que estávamos no caminho certo, construir uma forca e fazermos a chamada justiça com nossas próprias mãos...

O Dr. Griffiths se aproximou da bancada onde os jurados se remexiam e após olhar para os seus rostos, prosseguiu.

- E num estado de direito evoluído como o nosso, baseado na common law, fica clara a importância de um julgamento justo. E é neste tribunal que pretendo trazer luz sobre os fatos que ocorreram na MES, para que se busque um culpado pela morte de uma inocente, mas é importante que eu repita: precisamos ter a certeza da culpa de alguém antes de tirarmos a sua liberdade, pois se houver a mínima dúvida, minhas caras senhoras e prezados senhores do júri, para que a consciência não lhes pese no futuro, devem optar em votar que a suspeita do fato, a Srta. King, seja inocentada de todas as acusações e que os responsáveis pela aplicabilidade das leis busquem o verdadeiro responsável por tal ato horrendo...

Muitos dos jurados assentiram sob o olhar do defensor, absorvidos que estavam por suas palavras e seus gestos.

- E se nada ficar perfeitamente comprovado, o que peço às senhoras e aos senhores foi o que um dia implorou o citado Sr. George Kelly, que jamais admitiu ser um assassino: Eu lhes peço simplesmente justiça!

O Dr. Griffiths ficou ainda alguns segundos parado, ao lado do assento dos jurados, depois retornou para junto de sua cliente, enquanto o juiz determinava que a promotoria iniciasse os trabalhos.

Na primeira parte do julgamento foram ouvidas as testemunhas que somente colocavam a Srta. King dentro da escola no dia em que o assassinato aconteceu.

Foram ouvidos funcionários, alguns professores, familiares de alunos, onde a promotoria e a defesa pouco argumentaram.

Também o médico legista foi chamado para demonstrar o uso do veneno como o meio utilizado no crime.

O tribunal fez um pequeno recesso para o almoço e na parte da tarde a primeira importante testemunha da acusação foi chamada.

Após o juramento, o investigador Everton White se sentou calmamente, enquanto o Dr. Bennett se aproximou.

- Sr. White, posso lhe perguntar em como chegou a conclusão de que a acusada que está sentada ali podia ser a responsável pelo envenenamento de Emilly - disse ele apontando para Agatha, que permanecia indiferente.

- Fizemos as investigações preliminares e como houve a suspeita de ter ocorrido um homicídio, recolhemos todos os frascos contendo líquidos e qualquer tipo de guloseimas existentes entre os alunos que participaram da apresentação teatral...

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