42 - As provas

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— Os resultados dos exames chegaram...

— Mas não eram para a semana que vem? — questionou Thompson.

— Eu dei um jeito de apressar o pessoal do laboratório.

Turner colocou sobre a mesa dois envelopes lacrados.

— Não os abriu ainda?

— A honra é toda sua, parceiro.

Thompson verificou a etiqueta de cada envelope. Numa estava escrito "foto" e na outra "seringa". Começou a abrir este último, sem pressa.

— Por que pediu para analisarem também a foto do professor Green? — perguntou Turner com um sorriso malicioso no rosto — Duvido que exista qualquer coisa nela.

— Pura dedução, mas ao contrário do que o amigo pensa, eu acredito estar certo.

— Creio que isso merece uma aposta — Turner arrancou uma nota de 5 libras e colocou sobre a mesa, enquanto Thompson já lia o conteúdo do primeiro envelope e depositou uma nota de 10 sobre a outra, como se já estivesse com o dinheiro na mão, deixando Turner boquiaberto com a destreza do parceiro.

— Eu dobro sua aposta — Thompson riu, algo raro nestas situações em que ele se mantinha em plena concentração — Sempre quis dizer isso, igual naqueles filmes antigos...

— Como fez isso? — interrompeu Turner.

— Não se esqueça que eu já lhe conheço há muitos anos — Thompson agora voltara a ficar sério e retirou sua nota de 10 libras e guardou no bolso do casaco, enquanto estendia o resultado para Turner — A seringa somente continha insulina. Parece que o falecido reitor era diabético.

Ele agarrou o resultado e o leu rapidamente.

Thompson não perdeu tempo e abriu o segundo envelope, fazendo um gesto negativo com a cabeça ao terminar de ler.

— Isso não tem lógica alguma — disse o detetive se levantando e sem que Turner percebesse, levando a nota de 5 libras junto com os envelopes.

Entregou para o outro o resultado do exame da foto e pensou em algo inteligente para dizer, mas, no fundo, queria soltar um impropério.

— então só pode ser isso...

— Não tire conclusões precipitadas, Turner, pois o amigo sabe o que eu penso...

— Eu sei — disse o parceiro completando a frase — Está fácil demais!

Thompson concordou com a cabeça enquanto remexia nos envelopes.

— Precisamos falar com o comissário, mas antes ligue para verificar o resultado da autópsia.

— Já fiz isso! Vão mandar o resultado na parte da tarde, antes da hora do chá.

— Não podemos esperar tanto. Venha, agora é a minha vez de apressar as coisas. Guarde tudo junto ao banco de provas, eu estarei lhe aguardando no carro.

Thompson saiu e Turner recolocou os resultados nos envelopes. Antes de sair da sala, lembrou do seu dinheiro, procurando automaticamente nos bolsos, para no final esboçar um sorriso.

— Mas que filho da mãe...

🔷🔷🔷🔷🔷

O comissário Hector Scott conhecia perfeitamente cada um dos seus homens e somente ao olhar para os seus rostos, podia prever encrencas.

E foi exatamente o que ele viu quando Turner e Thompson adentraram a sua sala no final daquela tarde, trazendo diversos documentos em mãos, uma encrenca das grandes — pensou.

Após uma breve explicação dos pormenores que os conduziu até ali, entregaram ao comissário uma cópia do laudo, contendo a causa da morte do reitor Christofer Brown, que batia com a evidência encontrada na fotografia que a vítima segurava com a mão direita, quando foi encontrado sem vida.

— Novamente o mesmo veneno? — disse ele de forma séria — A que conclusão chegaram?

Thompson pediu a palavra.

— Tudo aponta para que, caso a Srta. King seja realmente culpada pela morte de Emilly Wilson, ela não tenha agido sozinha, comandando agora, de dentro da prisão, seu cúmplice ou cúmplices, que estão livres para continuar atuando.

— E diante dos atuais acontecimentos — continuou o investigador — estamos propensos a acreditar que Agatha seja inocente...

— Mas ainda não podem provar isso, não é mesmo? — interrompeu o comissário.

Desta vez foi Turner quem falou.

— Senhor, recebemos a confirmação de que o professor Green não é exatamente quem diz ser. Falta somente uma pesquisa mais apurada para ter certeza de alguns detalhes. Como o senhor comissário pode ver, a carta que a Sra. Zummach deixou para o seu suposto sobrinho evidência isso claramente...

— Mas assim mesmo não o torna culpado de nenhum crime de assassinato — complementou Thompson — Somente de se utilizar, talvez, de um registro que não lhe pertença.

— E o que pretendem fazer?

— Temos a agente Nanna, da Scotland Yard, trabalhando disfarçada nesse exato momento dentro da escola, já com a orientação para ficar de olho nos envolvidos.

— Desta forma não deixaremos transparecer que fazemos uma investigação interna na MES, ao mesmo tempo em que monitoramos todas as ações suspeitas — completou Thompson.

— E quanto ao assassinato do reitor, qual deles pode ter realizado mais esse crime?

— Qualquer um dos dois — respondeu Turner — Obviamente com auxílio externo. Estamos investigando isso também, mas até agora não temos nada de concreto. Seja quem for, ainda não cometeu uma falha sequer...

— Verificaram a origem da fotografia? — questionou o comissário se levantando e olhando pela janela da sua sala, que era voltada para a rua.

— Pertencia ao reitor — respondeu Turner.

— O professor Green eu reconheço aqui, mas quem é este outro mais magro?

— É o Sr. Brown mesmo! Essa foto foi retirada há mais de 15 anos — continuou o investigador.

— E quem mais podia ter acesso a essa fotografia?

— Qualquer um que entrasse na sua sala da universidade, pois ela ficava num album na sua estante...

— Uma última pergunta, antes que eu os libere para continuar a investigação: possuem alguma ideia sobre a motivação do assassinato?

Thompson fez que um sinal afirmativo.

— Novamente são duas hipóteses. A primeira aponta para a morte de alguém que sabia demais e que em algum momento, podia falar mais do que devia, então necessitava ser silenciado de alguma forma.

O investigador calou-se e o comissário se virou para encará-lo.

— E a segunda possibilidade? — questionou ele.

— A nossa segunda hipótese indica que o assassinato foi realizado com a intenção clara de fazer o professor Green sofrer, assim como ocorreu com a morte de Gerard em 2011.

— E nesse caso, o senhor sabe para quem as suspeitas nos remetem — concluiu Thompson.

— Sim, eu sei! Novamente para a Srta. King...

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