O silêncio ronda a noite na MES.
Um silêncio que é quebrado apenas por sussurros...
Sussurros que nem todos podem ouvir...
— Elas virão?
— Sim!
— Duvido! São medrosas demais...
— Elas virão!
— Quando?
— Quando for a hora.
— Isso é quando?
— Um minuto após a sua impaciência...
— É muito tempo!
O riso dos dois quebra definitivamente o silêncio, mas eles sossegam, assim que escutam passos...
Estão ocultos nas sombras e quando as duas garotas entram no anfiteatro escuro, eles saem de seus esconderijos, apontando lanternas para elas.
Uma delas solta um grito abafado pela mão enquanto a outra ri de forma debochada.
— Sabia que fariam isso! Garotos...
— Vocês demoraram! — disse o mais velho deles.
— É difícil sair dos quartos sem fazer barulho.
— Então vamos logo. O segurança pode nos ver...
— Que nada! Com este frio de Outono ele deve estar roncando, enrolado numa manta...
— É o que eu faria! — Concordou o garoto mais novo...
Seguiram os quatro para o palco do anfiteatro e se posicionaram, um ao lado do outro.
Iniciaram sua apresentação aos avessos, primeiro se inclinando para cumprimentar a plateia que na mente deles ainda inexistia. Depois começaram uma dança estranha, cada qual num ritmo, enquanto as luzes de suas lanternas apontavam cada qual para uma direção.
Uma imensa confusão! — imaginou ela assistindo ao triste espetáculo -
Por que eles insistem em se apresentar tão mal?Ela imaginava o porquê, mas não entendia. Era somente uma provocação para que ela se irritasse e fizesse exatamente o que estava prestes a fazer.
Se levantou e começou a passar por entre os bancos, batendo em alguns deles com força.
No palco os jovens perceberam a sua movimentação, mas continuaram a sua apresentação improvisada.
Ela passou a andar mais rápido por entre os bancos, ziguezagueando em direção ao palco, agora acertando mais bancos e com toda a sua força.
Notou que conseguiu com que parassem com aquela demonstração ridícula de falta de talento, mas não ficou satisfeita e ao chegar bem na base do palco, soltou em berro, que chegou até eles como um vento gelado.
— Sumam daqui!
Os quatro saíram correndo pelas laterais do palco. Já tinham o suficiente para contar aos amigos e não queriam ficar para saber o que aconteceria quando o fantasma do anfiteatro se manifestava daquela forma. Nenhum dos outros grupos ficara para saber.
Só que a paciência dela estava no limite. Era o terceiro aborrecimento naquele mês.
— Hoje será diferente! — disse ela para si mesma.
Com grande velocidade chegou antes deles na porta do anfiteatro e as fechou, algo que raramente acontecia.
Quando as duas partes da porta se chocaram no centro, o estrondo foi imenso e a escuridão caiu completamente sobre eles, pois até mesmo as suas lanternas deixaram de funcionar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Encenação Mortal
Mystery / ThrillerEra para ser somente mais uma apresentação teatral da Modern English School of Bedfordshire, que sistematicamente ocorria a cada cinco anos, voltada exclusivamente para os alunos do Sixth Form. Mas algo deu errado no script, colocando em risco a...