63 - A última encenação - Parte 01

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ANTES DO DISPARO NA ESCURIDÃO...

- Eu não a matei, Derick...

- A senhorita tinha que morrer... Fui assim que planejei...

Enquanto falava ele olhava para as mãos e parecia dançar em volta de Agatha, que permanecia sentada no chão.

- Mas Emilly morreu devido o veneno...

- Que eu deixei em seu armário, sua tola! - interrompeu Derick de forma agressiva - Era para que usasse e caísse morta durante a encenação. Não era para Emilly usá-lo, não era...

- Mas eu vou corrigir esta falha agora, de uma vez por todas - continuou ele retirando um objeto pontiagudo do casaco.

Agatha sentiu dentro de si que precisava ganhar tempo, que a ajuda viria se conseguisse fazê-lo continuar falando. Sentia até que alguém lhe sussurrava essa ideia dentro de sua mente.

- O vigia sabe que estamos aqui dentro! Ele anotou nossos nomes... Se pretende me fazer mal, não sairá impune.

Derick riu de forma maligna.

- Já tenho tudo planejado, minha cara Srta. King. Tudo, nos mais insignificantes detalhes... Mas não fique triste! Irá se reunir com Emilly e poderão continuar sua amizade pelo resto da eternidade.

Ele se aproximou rapidamente dela com o braço levantado e Agatha abaixou a cabeça.

- Isso não é justo! - disse ela simplesmente.

Derick parou o movimento no ar, intrigado.

- O que não é justo?

- Que eu morra sem saber de tudo!

Ele pareceu divertido. Abaixou a mão livre e levantou o queixo dela.

- Sou generoso! Por nossa antiga amizade, vou lhe conceder três perguntas, depois finalizarei este ato.

Ela se desvencilhou da mão dele e fez um rosto pensativo. Não fazia ideia do que dizer, o medo a sufocava. Quando ele fez menção de atacá-la novamente, Agatha conseguiu pensar finalmente em algo.

- Espere! Já sei! Me diga, Derick: se os espíritos que diz estarem conosco neste palco de fato existem, por que somente você os vê?

- Ora, uma primeira pergunta tão simples e tão boa. Gostei! Sua inteligência me surpreende, senhorita.

- Existe mesmo uma maldição, é verdade. A maldição da família Campbell. O tio de Catarina deixou uma carta para os seus familiares, confessando o seu crime. Ele foi mesmo responsável pela morte dela, mas a sua família jamais revelou esta informação.

- Contudo começaram a ser assombrados pelo espírito dela, que os visitava em pesadelos, dizendo que jamais deixaria de fazer isso, enquanto sua morte não fosse vingada, enquanto o assassino não fosse reconhecido publicamente.

- Para isso ela exigiu que tudo lhe fosse revelado neste mesmo palco, por algum membro da sua família, que teria o dom de ver espíritos, como todos da família Campbell o têm.

- Estou aproveitando então para revelar isso agora, afinal, eu sou um parente distante de Catarina, da família do seu tio assassino. Ia fazer isso depois, mas a sua pergunta veio a calhar...

Agatha soltou um grito quando o espírito de Catarina surgiu no palco, um pouco atrás de Derick, e ficou imóvel. Ele olhou para trás e continuou com seu sorriso diabólico.

- Calma! Eu sabia que isso poderia acontecer, mas não se preocupe com ela. Faça a sua próxima pergunta.

A Srta. King desta vez não precisou pensar muito. O medo desaparecia rapidamente de dentro dela, sendo substituído por um ódio imenso daquele monstro que se desmascarava na sua frente.

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