33 - O pedido do garoto

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O professor Green entrou na sala de aula e colocou um livro sobre a mesa.

— Sabem que dia é amanhã?

— 21 dezembro de 2012 — disse a classe num coro.

— E o que mais?

— Sexta-feira — brincou uma aluna de cabelos ruivos longos, arrancando sorrisos de um grupo ao seu redor.

— E o que mais, gente?

— Último dia de aula, professor — disse Priscilla séria — E também o início do Inverno.

Adam deu a volta na mesa e ficou na frente de todos, procurando olhar para seus rostos.

— Eu vou contar uma história que tem a ver com o dia de amanha. Ninguém mais se habilita a dizer o que lhe vem a mente sobre o dia 21 de dezembro de 2012?

Uma mão foi levantada lentamente e o seu dono sorriu para o professor.

— É o dia do fim do mundo!

Várias risadas foram ouvidas na classe, somente Adam permaneceu sério.

— Exatamente Sr. Taylor. É sobre isso que eu vou contar...

Quando captou a atenção de todos e não se ouvia mais nenhuma conversa paralela, Adam continuou.

— É claro que não tem nada a ver com as lendas maias que falam sobre esse assunto, mas é como um garoto enxergou o fim do seu mundo, de tudo aquilo em que ele acreditava. Peço que todos fiquem bem atentos e anotem as dúvidas para discutirmos no final, pois esta história será a base para o espetáculo que montaremos para o ano que vem...

— Isso se o mundo não acabar... — interrompeu rindo Anderson, que já cultivava uma excelente amizade com o professor.

— Isso mesmo, Sr. Taylor. Caso o sábado chegue e a maioria dos senhores já esteja no conforto de seus lares, provavelmente em julho de 2013 encenaremos uma peça sobre este garoto, que viveu há muito tempo...

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Faltava uma semana para o Natal de 1982 e o garoto caminhava pelos becos de Londres em busca de comida, para o corpo e também para a alma.

Seus pais haviam morrido três invernos antes e ele fugiu do abrigo para onde foi enviado com 9 anos, a espera de uma possível adoção, o que na sua idade era muito complicado.

E o seu temperamento agressivo, herança genética do pai, também não ajudava muito, e assim constantemente ele se metia em brigas com os outros garotos.

Desde então vivia nas ruas e as adotara como seu lar, mas nestas épocas festivas sentia saudade da convivência com outras pessoas, em seus momentos de solidão ele imaginava como seria fazer parte novamente de outra família.

É claro que agora, com 13, já não acreditava mais em Papai Noel e até a sua pouca fé em Deus diminuía com o tempo, através de tantas maldades que presenciava todos os dias. É claro que existiam as pessoas solidárias e possivelmente sem elas já teria morrido de fome há um bom tempo.

Então nessa semana fria de 1982, antes de dormir enrolado num monte de cobertas velhas naquele beco, ele pediu para que o Papai Noel lhe trouxesse uma família de presente neste Natal.

E foi no dia 21 de dezembro que ele viu seu pedido realizado, o fim de uma vida sofrida nas ruas, mas que deu lugar a outro tipo de sofrimento.

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