Encenação Mortal

61 - A familia Campbell

Derick subiu ao palco e apesar do frio da noite, retirou seu casaco, ficando apenas com um suéter sobre uma camisa de linho.

- O senhor Henry Campbell não era o único parente que Catarina possuía. Ele era, assim como ela, da parte mais abastada da família. Sempre houve uma separação entre eles, coisa de classes sociais, algo que hoje em dia está se perdendo...

- O professor Green descende justamente desta classe inferior da família Campbell, que com o tempo prosperou muito nos negócios, enquanto, veja só a senhorita, o outro lado da balança, aquele que pendia exageradamente para cima, despencou, ruiu, como se fosse uma maldição.

- Uma maldição? - questionou Agatha interessada.

- Sim! - continuou Derick caminhando pelo palco - Acreditavam, alguns deste lado da família ainda acreditam, que tem algo a ver com o possível assassinato de Catarina. Depois que ela se foi, por mais que seu tio insistisse em não ter nenhuma culpa relacionada à sua morte, por mais que a polícia o tenha descartado completamente nas investigações, a direção da MES, severa, resolveu que para o bem da imagem da escola ele deveria se afastar de sua direção.

- Passou a ser um mero professor e com o tempo, devido ao seu mau humor, até esta função perdeu. Seu lado da família foi ficando desprestigiado e foram se isolando das classes mais ricas. Não demorou muitos anos para que se igualassem aos parentes mais pobres.

- Deve ter sido muito difícil para eles...

- Foi sim minha cara. Quando se é pobre e consegue melhorar de vida, a adaptação é algo natural. Mas quando se faz parte de uma classe mais elevada, com o luxo batendo à sua porta, uma derrocada tal essa sofrida por Henry Campbell e seus descendentes, não é algo fácil de se engolir.

- E isso gera raiva, muita raiva, principalmente do fator que iniciou tudo isso.

- No caso, da Catarina?

- Exato! A sua morte trouxe uma enxurrada de desgraças para um lado da família Campbell. E quando o outro lado começou a prosperar, a família acabou de se dividir de uma vez e o ódio que nutriam por Catarina, de alguma forma foi semeado contra essas pessoas.

Agatha se levantou e subiu também ao palco. Achou estranho pisar novamente ali, pois a última vez fora quando Emilly caiu morta durante a encenação. Um arrepio tomou conta de seu corpo e uma vertigem quase a fez cair, mas foi segura por Derick que correu para o seu lado.

Ele a ficou encarando por um tempo e ela achou que ele a tentaria beijar, mas como um cavalheiro, a ajudou a sentar.

Quando passou a se sentir melhor, agradeceu pela ajuda e retomou o assunto.

- Derick, esta história é muito interessante, mas quando chegaremos no professor Green e os fatos atuais?

Ele se sentou ao seu lado, na beira do palco, e ficou com as pernas balançando no ar.

- Estamos quase lá! Tenha paciência, pois quando eu chegar no final desta história, a senhorita compreenderá tudo, não lhe restará nenhuma dúvida e ainda saberá porque foi envolvida desta forma em toda essa história.

- Não pode me adiantar nada? A curiosidade está me sufocando...

Derick observou que as mãos do espírito de Emilly massageavam o pescoço da Srta. King e sorriu.