45 - O cerco

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— Trago novidades parceiro, que só complicam ainda mais as coisas...

Entregou um relatório para Thompson, que o leu rapidamente.

— Isso quer dizer que...

— Sim — interrompeu Turner — Alguém invadiu a casa da Sra. Zummach dias antes dela morrer. Ela ouviu um barulho vindo da estufa e chamou a polícia, mas não descobriram nada e o caso foi registrado como uma simples averiguação.

— E como conseguiu acesso a esse documento?

— Parece que o policial que atendeu ao chamado ficou sabendo da morte dela e resolveu informar a sua suspeita de que poderia ter alguma ligação.

— Bom, não acredito nisso — disse Thompson pensativo — Mas agora temos um novo problema nas mãos, pois alguém pode ter tirado acônito da estufa...

— E a mesma pessoa que fez isso...

— Sim! — concluiu Turner — Pode ter envenenado o reitor também.

— E o que faremos? — continuou ele.

— Eu ia mesmo lhe chamar. Recebemos a confirmação de que uma nova apresentação será realizada na MES daqui a uma semana. Vamos infiltrar diversos homens nossos na escola. O Príncipe de Gales estará presente novamente e determinou que o policiamento seja reforçado.

— Temos um dilema em mãos, Turner, pois teremos que ficar de olho nos suspeitos, mas ao mesmo tempo não podemos despertar a desconfiança deles, algo que entendo ser impossível...

— E acha que algum destes suspeitos terá a ousadia de agir novamente, Thompson? Mesmo com toda a imprensa, que certamente acompanhará o evento?

— Só sei que teremos que redobrar nossos esforços. Por mais que seja algo impensável, não estamos lidando com pessoas comuns...

— Sim — disse Turner — Pode haver um assassino aguardando o momento propício para matar...

🔷🔷🔷🔷🔷

Os ensaios para a nova apresentação na MES ocorreram sem nenhuma novidade e os alunos que participariam da encenação estavam deslumbrados com o resultado.

O professor Green conduziu a todos com maestria e no final do último ensaio, um dia antes do grande evento, todos os alunos o aplaudiram de pé e fizeram questão de cumprimentá-lo pessoalmente.

O último a se despedir naquela tarde foi um de seus melhores alunos do período, que Adam notou estar um pouco abatido.

— Não é nada, professor, creio que seja somente um mal estar — disse ele enquanto lhe entregava um envelope pardo lacrado — Eu queria que o senhor ficasse com isso.

— E do que se trata?

— Foi só uma brincadeira minha, leia depois com calma e não se aborreça, por favor.

Conversaram por mais um tempo sobre a peça e se retiraram. Adam foi direto para os seus aposentos, precisava de um banho demorado, pois estava exausto.

Chegou a abrir o envelope recebido do aluno, mas o cansaço falou mais alto e o guardou junto a outros papéis na sua estante, esquecendo-se completamente dele, pois assim como os alunos, estava em êxtase com a brilhante apresentação que tinham pela frente.

Se tivesse lido o conteúdo do envelope naquele momento, podia ser que os acontecimentos do dia seguinte fossem diferentes.

Saiu do banho enrolado num roupão no mesmo instante em que seu telefone tocou.

Encenação MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora