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Estávamos no hospital. Já fazia mais de 1 hora que Gabs estava lá e ninguém tinha notícias. Eu perguntava de vez em quando pra moça da recepção, mas ela só dizia "Aguarde, por favor" Aquilo me estressava mais ainda.

- Cadê minha filha? Como ela está?- Amy, a mãe da Gabs apareceu de repente.

- Não deram nenhuma notícia ainda, sinto muito- Falei.

Ela sentou, com os olhos cheios de lágrimas e tentou se acalmar. Todos estavam melancólicos ali, até que a doutora chegou.

- Vocês podem vê-la. Daremos um diagnóstico em breve. Acompanhem a enfermeira- Ela disse, e se retirou.

- Todos são parentes?- Ela perguntou, assustada com a quantidade de pessoas ali.

- Não. Eu sou a mãe dela.

- Entendi. Me siga.

- Na verdade, posso esperar. Daniel , querido, você não quer ir?- Ela disse, olhando para ele.

- Eu... Eu posso?

- Sim- Amy disse.

A enfermeira permitiu que mais alguém fosse, então eu fui.

Acompanhamos ela até o quarto no fim do corredor. Entramos, e Gabs estava acordada, mas parecia fraca, e estava com um gesso no braço.

- Oi Gabs- Daniel disse- Como está se sentindo?

- Eu estou bem, só meu braço que dói um pouco.

- Tem certeza de que está bem?

- Tenho.

Então, a médica entrou, sorrindo e falando com Gabs como se ela tivesse 8 anos. Ela tinha um diagnóstico.

- Bom, Gabrielle, você quebrou um braço, como pode ver. E... Tenho uma outra notícia, bem ruim. Eu sinto muito.

- Mas, o quê aconteceu doutora?- Daniel perguntou, preocupado.

- Bom... Gabrielle está bem, mas seu bebê não. Eu sinto muito, mas você perdeu o seu bebê. Ele, infelizmente, não resistiu ao acidente.

Ela ficou sem reação. Ela começou a chorar, Daniel e eu também. Ele correu e a abraçou, e Gabs não parava de chorar. Saí imediatamente dali, porque eu sabia que eu tinha culpa.

Passei pela porta e ainda consegui segurar meu choro por uns dois corredores. Parei para beber água, mas aí, desmoronei. Corri para fora do hospital, não queria que todos me olhassem assim.

Passei pelas enormes portas daquele hospital e sentei no último degrau da escada. Aí minhas lágrimas começaram a cair. Eu até limpava o rosto de vez em quando, mas não adiantava de nada.Eu olhava os carros que passavam e sentia o vento balançar meus cabelos, o que me fazia sentir um pouco melhor.

Escutei alguém abrir a porta e descer as escadas. Sentou ao meu lado, e abraçou seus joelhos.

- Zach... O que faz aqui?- Perguntei.

- Eu preciso me desconectar um pouco, aconteceu muita coisa nessas últimas horas.

- Entendi.

Ficamos parados por um tempo, em silêncio.

- Zach, é tudo minha culpa- Confessei, com a voz ainda chorosa.

- Do quê que você tá falando?

- A Gabs perdeu o bebê.

- O quê?! Daniel vai ficar arrasado...

- Eu sei. Por minha causa.

- Não, não é. Você não tinha como prever isso.

- Se eu não tivesse pedido pra ela ficar no comando e...

- Ei, para- Ele segurou meu rosto e eu segurei sua mão, mas sem a intenção de afastar ele- Você não teve nada a ver. Entendeu? Não é sua culpa.

- Você não entende, você não...- Ele me acalmou. Tem uma coisa nele que me faz sentir bem. Então, ele me abraçou. Ele repetia "vai ficar tudo bem" baixinho, enquanto eu enterrava meu rosto em seu ombro, chorando litros.

Depois que eu desfiz o abraço, voltamos. Vi Amy completamente paralisada por descobrir que a sua filha está grávida. Mais paralisada ainda por descobrir que ela perdeu seu filho.

Falei com a moça da recepção, perguntando se podia ver Gabs. Ela ligou para alguém (não sei quem) e, do outro lado da ligação, alguém disse "sim". Então, a moça repetiu o que lhe disseram, e eu fui.

Entrei no quarto, de fininho, e ela estava com o rosto inchado de tanto chorar. Eu, com a minha incrível burrice, perguntei:

- Como se sente?

- Vazia- Ela respondeu, com a voz trêmula.

- Eu imaginei. Foi uma pergunta idiota.

Ela tentou sorrir.

- Eu sinto muito- Falei, me aproximando e sentando ao lado dela.

- Eu sei que se sente culpada, mas não foi culpa sua.

- Eu...

- Chegou a ver o Daniel? Ele tá... Arrasado.

- Eu sabia que ele ficaria.

- Eu sei que eu sou muito nova pra engravidar mas... Era o meu bebê. Meu filho, ou minha filha. Eu o amava antes mesmo dele nascer- Ela disse, e voltou a chorar.

Eu a abracei forte, "sentindo" sua dor. Depois, minha mãe me ligou e eu, infelizmente, tive que ir embora.

Zach se ofereceu para me acompanhar até em casa. Ele não disse nada sobre "aquele assunto", mas eu também não queria falar sobre isso enquanto a Gabs estiver no hospital, sofrendo por causa do bebê.

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Cheguei em casa e contei à meus pais sobre o estado de Gabs. Depois, fomos jantar e eu finalmente tive um tempo de descanso. Tomei um banho e deitei na cama. Me virei de um lado para o outro, pensando em Gabs. Eu ainda me sentia culpada, esse peso na consciência estava me matando. Aí pensei em outra coisa: Em Zach. Nossa conversa, a maneira doce dele de falar, me confortou. Ele sabe como espantar minha tristeza. Ele é a chave, e estar com ele é a solução.

limelight • zach herronOnde histórias criam vida. Descubra agora