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"Bia narrando"

Já faziam mais ou menos duas horas que eu estava sentada naquela cadeira ao lado de Corbyn na sala de espera. Ele tentava fazer eu me acalmar um pouco, mas eu acho que ele sabia que não estava funcionando muito. Eu estava preocupada, e quando vi um médico finalmente vir até nós, eu me levantei quase que num pulo.

- Paciente... Zachary Herron?- Ele perguntou, quando me viu levantar. Corbyn, agora tendo certeza de que era ele, levantou. Eu assenti.

- Como ele está?- Corbyn e eu perguntamos em uníssono. O médico riu de leve e nós nos entreolhamos.

- Bom...- Ele olhou o diagnóstico na prancheta que trazia em mãos- A compressão do local foi importante, já que a cabeça é uma região muito... delicada. O que nós tivemos que fazer foram apenas algumas suturas, evitando infecções ou um novo sangramento- Ao ouvir isso, eu respirei fundo, sentindo um alívio enorme.

- A gente pode ver ele?- Perguntei.

- Sim, me acompanhem- Ele disse e comecei a andar com ele.

- Ahñ Bia...- Corbyn parou, pegando seu celular do bolso- É o Jonah, você... Você pode ir- Ele me mostrou a chamada e eu afirmei com a cabeça.

Eu caminhei até a sala, onde, no meio do caminho, o médico foi provavelmente atender outra pessoa. Eu olhei o número na porta, olhei a fechadura, e respirei fundo, entrando no quarto, e observando Zach, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Quem teria feito isso? Por quê?

Eu chego mais perto dele, sentando em um banco que estava do lado da cama hospitalar dele, e seguro sua mão. Eu observo seu rosto pálido, a cânula em volta do nariz, parece tão frágil, sensível, eu só queria que pudesse proteger ele de tudo isso. Não devia ser tão difícil assim...

- Você provavelmente não deve estar me ouvindo, e eu não teria coragem de falar enquanto estivesse acordado então...- Limpo algumas lágrimas do meu rosto- Eu sei que não estamos no nosso melhor momento, mas... Eu não consigo parar de pensar em você, eu ainda te amo, muito mesmo, e eu quero superar mas eu só... Não consigo.

Eu era idiota de estar me abrindo e Zach não poder falar nada e nem mesmo mover um músculo? Talvez, mas às vezes a gente só precisa falar o que sente...

- Zach, quando eu vi você lá, sangrando, naquele estado, foi como se meu mundo desmoronarse ali mesmo- Eu já não podia conter meu choro- E eu sinto muito... Eu devia ter prestado atenção. Eu devia ter pensado em você. Ah eu sou tão egoísta, eu nem percebi, eu devia ter me preocupado com você. Eu... Se tivesse acontecido alguma coisa, eu não me perdoaria eu... Ah, não quero nem pensar nisso- Cheguei mais perto dele, e toquei seu rosto- Apesar de tudo, eu amo muito você- Beijo sua testa, e sento no banco de novo, e fico acariciando sua mão.

Daí eu senti seu dedo mexer. Reflexo? É, eu penso que poderia ser, mas aí vejo ele levantar a mão, com um dedo de cada vez. Eu sorrio fraco, vendo ele tentar acordar, mas daí escuto um barulho, tipo um "bip" que não parava de apitar e ficava mais forte. Aí olhei pra cima, os aparelhos, os batimentos. Eu escutei Zach sussurrar algo, mas não entendi o que era.

- Médico! Eu preciso de um médico!- Falo alto na porta da sala, e depois volto vendo Zach acordar.

Havia medo em seus olhos, e percebi que ele queria sair dali. Não sabia onde estava. Pra ele, ainda estava debaixo do maldito armário naquele depósito, nervoso. Eu o abraço e vejo os médicos chegarem.

- Calma, Zach, você tá bem, você está a salvo meu amor...- Eu percebi que falei "meu amor" sem querer, mas tento não me importar muito. Ele aperta o abraço e sinto seu corpo tremendo.

limelight • zach herronOnde histórias criam vida. Descubra agora