Levei uma bronca

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Abri a porta com cuidado.

A sala estava em silêncio e todos olhavam para mim.

Assim que movi os olhos em direção ao professor, meu coração acelerou na mesma hora.

Nunca tinha visto um homem tão bonito como esse (Pelo menos, não pessoalmente).

Ele deve ter pelo menos 1,80 de altura, cabelos castanhos, olhos da mesma cor e um rosto moldado de uma forma ultra sexy.

Seu olhar me deixa hipnotizada e ao mesmo tempo, um pouco intimidada.

Devo parecer uma idiota o olhando dessa forma, sem dizer nada.

— Posso ajudar senhorita? - Pergunta de forma imponente, como se estivesse lendo minha alma.

— Eu... Eu.. Sou dessa sala. - Com certeza, pareço uma boba, até gaguejei.

Bem sério, me mira fixamente, até que levanta seu braço esquerdo para ver as horas em seu grande relógio dourado.

Quando volta a mim, ergue uma sobrancelha e diz:

— Você está atrasada à cinco minutos, senhorita... - Espera que lhe diga meu nome.

— Anne Ribeiro. - Completo.

— Senhorita Anne, sou o professor Arthur Monteiro e não gosto de atrasos ... Nem um pouco. Expliquei isso a eles. - Aponta em direção à turma. —Como não estava aqui, não teve a oportunidade de me ouvir. Espero que isso não seja rotineiro de sua parte.

Tudo isso foi dito em tom de bronca e acho que fiquei vermelha. Só não sei se de vergonha por me corrigir em alto e bom tom, ou pela forma que me observa.

— Desculpe senhor. Não vai acontecer novamente, eu garanto.

— Ótimo. Espero que garanta mesmo. Pode se sentar. Continuaremos com a aula.

Concordo com a cabeça e finalmente consigo me mexer.

Lisa acena pra mim e vou em sua direção. Me sento ao seu lado, lhe dou um olhar tenso e respiro fundo. Ela diz para me acalmar e sorrio como agradecimento.

Pego meu caderno para fazer anotações do que o professor está explicando.

Não comecei bem o dia, melhor não vacilar mais uma vez.

Quando abaixo para escrever em minha folha e volto a olhá-lo, percebo que já tinha sua atenção.

Não sei dizer o que se passa em sua cabeça, mas não consigo não me deixar levar e isso me deixa desconfortável.

Ele só para quando um aluno levanta o dedo para fazer uma pergunta.

O que está acontecendo aqui?

(...)

A aula corre de forma normal.

Até que gostei dele como professor. Me passa muita confiança com sua postura e posicionamentos.

Saímos da sala e Lisa me puxa para conversar, em uma mesa da cantina.

– Nossa... pensei que essa aula não acabaria mais. - Diz.

— É verdade. Rendeu bastante. - Concordo.

Percebo seu olhar malicioso e franzo a testa.

— Ele é muito sexy, não é?! Pelo amor de Deus, como iremos nos concentrar!? Percebeu a forma como a olhou?

Sabendo onde minha amiga quer chegar, a corto.

— Acho que queria me matar. Poxa, cinco minutos nem é tudo isso. Imagina o que faria se fosse um tempo maior. Não precisava de todo aquele o sermão de não suportar atrasos. O que tanto disse antes que eu não tive a "oportunidade" de ouvir. - Imito sua forma de falar.

– Você sabe se esquivar de um assunto, Senhorita Anne. - Também o imita. — Ele se apresentou, contou onde estudou, suas especialidades, forma de trabalho e principalmente que detesta atrasos, enrolação, pessoas distraídas... Ah, um monte de coisas. Fiquei preocupada. Pensei que não te deixaria entrar.

Arregalo os olhos.

— Nem fale isso. Não posso levar nenhuma advertência, ou reclamação sequer. Se perco minha bolsa... Tenho que ficar longe de confusão.

Lisa concorda e se levanta para ir ao banheiro.

A aguardo para irmos embora e mexo em meu celular para passar o tempo.

— Senhorita Ribeiro.

A voz grossa me faz olhar para cima e encontrar meu professor que parece estar de saída.

— Senhor Arthur. - O respondo.

— A maioria dos alunos já se foram. Não me diga que se atrasa pra ir, assim como para chegar? - Diz com um sorrisinho de lado, que apesar de muito sexy, me irrita.

— Não é o caso. Só estou esperando minha amiga para irmos. E o senhor?! Se atrasou também? - Faço o mesmo que ele.

Vejo seu sorriso sumir.

Ponto pra mim... Eu acho.

Ficando sério, retruca:

— Não. Já encerrei meu turno e não tenho um horário a cumprir. - O sorriso volta ao seu lindo rosto.

Ponto pra ele. Droga. Parece difícil deixá-lo por baixo.

— Bom... Tenha uma boa noite, Senhorita. Até amanhã. - Se despede de forma cortês.

Dou um sorriso amarelo.

— Boa noite, Senhor. Até.

Acenando com a cabeça, vai embora.

Lisa volta e conto sobre a conversa com o Senhor Intenso.

Ela me provoca e diz que ele nunca esquecerá essa história e me torturará com isso.

Espero que não.

Nos despedimos e fomos para casa.

Agora estou aqui em minha cama e um certo olhar não me deixa dormir.

Já é bem tarde e não consigo pregar os olhos.

Não posso me atrasar amanhã.

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