Ainda será meu amigo?

33.9K 1.9K 228
                                    

* Arthur On 


Acordo com meu celular tocando.


Alô?

Oi, Arthur. Bom dia. — Uma voz animada e alta, ressoa em meu ouvido.

O que foi, Miguel? Ainda é cedo.

Cara, é assim se trata os amigos?! Não quer saber como estou?

Me levanto da cama, esfregando os olhos.

O que você quer? Me ligou para fazer suas brincadeiras? — Pergunto, impaciente.

— Preciso que passe aqui em casa. Vou com você para a faculdade. — Simplesmente comunica. Meu carro está na oficina.

Não sabia que eu estava trabalhando como motorista. — Ironizo.

— Ah, Arthur... Não te custa nada. Conheci uma cafeteria ótima. Podemos passar lá, antes de ir, então venha mais cedo para não nos atrasarmos. Sei que não suportaria se isso acontecesse. — Solta uma risada.

— Apesar de ser um folgado, te farei esse favor. — Digo.

Sabia que podia contar meu grande amigo. Até daqui a pouco.

— Até.
— Desligo o celular e o jogo na cama.



Entro no banheiro, tomo um banho rápido, pego minhas coisas e desço para a cozinha, encontrando a Maria.

— Arthur, já está na hora? Não terminei ainda. — Coloca a água para ferver, com rapidez.

— Não. Estou saindo mais cedo. Vou passar na casa do Miguel. — Tranquilizo-a.

— Ah, sim. Aconteceu alguma coisa? — Pergunta.

— Nada de mais. Quer apenas uma carona. Já vou. — Me aproximo e lhe dou um beijo na testa.

Saio do apartamento, pego o elevador e desço até o estacionamento.

Por que não pode pedir um táxi?

Vontade de socar a cara daquele idiota, mas somos muito amigos para fazer isso.

Não demoro muito no trânsito e chego em frente ao seu condomínio.

Não já podia estar aqui me esperando?

Mando uma mensagem para avisá-lo.

O espero impaciente, até que passa pela portaria, cumprimentando os seguranças.

— Até que enfim. — Digo, quando entra e coloca o cinto.

— Bom dia pra você também. — Brinca.

Reviro os olhos e ligo o carro.

— Vou colocar no GPS, onde fica o café que te falei. — Estica a mão para mexer no aparelho ao seu lado.

— Por que não foi de táxi? — Pergunto.

— Prefiro sua companhia, irmãozinho. — Zomba.

Balanço a cabeça negativamente, enquanto sorrio.

Chegamos ao lugar, pouco tempo depois e sentamos em uma mesa próxima a janela.

Uma garçonete nos recebe e anota nosso pedido, gentilmente.

Quando ela vai embora, percebo que o Miguel não para de olhar para a porta e ao redor das mesas.

— Está esperando alguém? — Chamo sua atenção.

— Não, não. Só estava vendo se tinha algum conhecido por aqui.

Por que não acreditei muito nisso?

— E aí?! Como vão as coisas com a Anne? — Muda de assunto.

— Entre nós, tudo bem, mas há um problema.

— Qual? — Pergunta.

— Lucas. —Solto um suspiro.

Me dando um olhar questionador, se inclina sobre a mesa.

— Ciúmes?

— Não é isso. A Anne contou que estamos juntos e sua reação não foi das melhores. — Respondo.

— Obviamente, não gostaria de saber que a menina que gosta, está apaixonada por outro.

— Eu já esperava essa atitude, mas ela quis esclarecer as coisas com os dois amigos. Depois disso, ficou chateada. Eu querendo, ou não, são amigos e a Anne sempre quer o melhor para todos. Estava cansada de mentir. — Digo.

— Entendo. Deve ser ruim ter escondido todo esse tempo que estão juntos. Você a apresentou para várias pessoas, mas não pôde fazer isso.

É verdade. Não tinha pensado por esse lado.

A moça volta com nossos pedidos, a agradecemos e voltamos a ficar a sós.

— O importante é que já foi dito e terá que aceitar o fato de ser minha namorada. — Pego minha xícara de café.

Vejo um olhar gozador surgir em seu rosto e já sei que lá vem provocação.

— Terá que aceitar que a Anne te deixou de quatro. — Ri.

— Cala a boca, ou vou embora e te deixo para trás. — Ameaço.

— Já parei. — Levanta as mãos para cima, em forma de rendição.

Continuamos a comer em silêncio, até que começa a falar.

— Sem querer estragar o clima, mas já estragando... Vocês já conversaram sobre aquele assunto? —Pergunta, me deixando tenso na mesma hora.

— Não, Miguel.

— E não acha que devia? Se descobrir por outra pessoa, pode ser pior.

— Eu sei, mas não consigo dizer. Tenho medo que me deixe. — Digo.

— Acho que pode ficar brava, chateada, com ódio, triste, mas... Ela te ama e se explicar as coisas direito, entenderá. —Dá uma garfada em seu bolo.

— Não sei. Penso nisso todos os dias, mas quando a olho, não consigo arriscar.

— Isso é uma decisão somente sua. — Diz.

Ficamos em silêncio, enquanto terminamos nosso café e por diversas vezes, olha para a entrada.

— A porta não vai fugir de você. —Brinco.

— Ainda bem, senão ficaríamos presos aqui e nossos alunos adorariam um dia sem aula. — Sorri.

— Tem razão. Por falar nisso, vamos? — Ergo meu braço para ver as horas.

— Claro.

Pagamos a conta e nos dirigimos para a faculdade.

MEU PROFESSOR Onde histórias criam vida. Descubra agora