Carona

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Um mês depois...

Nesse tempo eu e Lisa nos aproximamos de alguns de nossos colegas de sala.

Erick começou a conversar bastante conosco. Ele é o cara de quem falamos logo no começo. O eu "admirador". Gostei bastante do seu jeito espontâneo e divertido. Também fizemos amizade com algumas garotas que sentam próximas a nós, mas pelo que aparenta há pessoas que não vão muito com nossa cara.

Samantha, é seu nome. Ela senta na frente junto com um grupo de amigas nada convidativas. Sua forma de me olhar é estranha. Só não entendo o motivo, já que nunca lhe fiz nada. Uma vez trombou em mim e vi que foi de propósito. Nem teve questão de se desculpar. Melhor ficar de olho, pois não quero confusão com ninguém.

A aula termina e Lisa me chama para ir embora,mas como preciso passar na administração da faculdade para resolver umas documentações que estão faltando, me despeço e sigo meu caminho. Quero terminar isso logo. Estou exausta e ainda por cima vou ter que esperar o próximo ônibus.

Chegando, uma mulher de meia idade me pede pra aguardar, pois precisava resolver outro assunto primeiro.

Me sento em uma cadeira enquanto isso. Depois de uns vinte minutos, me chama. Entro em sua sala e só saio de lá meia hora depois.

Cara, já é tarde. Tenho que correr pra pegar o ônibus.

Noto que todos os alunos já foram embora e sobraram apenas alguns funcionários.

Vou até o porteiro e pergunto se meu ônibus já passou.

—Já passou sim. Se chegasse a cinco minutinhos atrás, não perdia ele. - Diz.

— É, eu estava na administração. Vou pedir para alguém me buscar. Obrigada. - Agradeço.

Como aqui é um pouco afastado, a noite se torna bem perigoso para que eu fique lá fora à espera de um táxi.

Me afasto um pouco pra ligar para Kate, mas para minha sorte, o celular descarregou. Enquanto o xingo mentalmente, levo um susto com uma voz atrás de mim.

— Senhorita Ribeiro?! O que faz aqui a essa hora? - É meu professor.

— Ai meu Deus, que susto. - Coloco uma mão no peito. — Não o vi se aproximando.

— Desculpa. Não foi minha intenção, mas então, por que está aqui ainda? - Pergunta.

— É que eu estava com problema na administração e acabei perdendo o último ônibus. Eu ia ligar para uma pessoa me ajudar, mas o meu celular ficou sem bateria. - Digo desanimada.

Sério, hoje não parece o meu melhor dia.

— Eu te dou uma carona. Vamos? - Oferece.

Não posso aceitar carona do meu professor. Sei lá... é bastante estranho. Já fico sem graça perto dele, imagina em um espaço pequeno.

— Não precisa senhor, obrigada. Eu.. eu dou um jeito.

— Sério!? Você já perdeu o ônibus, seu celular está sem bateria e não poderá ficar aqui dentro por muito tempo. Já é tarde, tem certeza? - Insiste.

Ok, são bons argumentos, mas...

— Tenho sim. Muito obrigada, mas não precisa. - Tento parecer convincente.

Ele me olha por um momento, antes de responder:

— Tudo bem. Você quem sabe. Boa noite.

O respondo e quando se vira para sair, olho angustiada para o meu celular.

O que eu faço? Não vou conseguir falar com a Kate.

— Espera. - O interrompo. — Eu aceito sua carona.

Virando-se para mim, me observa por um tempo sem dizer nada. Até penso que desistiu da oferta, mas um pequeno sorriso que aparece logo depois, me tranquiliza.

- Vamos. - Aponta para que passe em sua frente.

Fomos para o estacionamento. Ele destrava seu carro e é um bem bonito e elegante, assim como o dono. (Para de pensar nisso Anne).

Gentilmente, abre a porta pra mim e dou um sorriso de agradecimento.

Dando a volta, se senta ao meu lado e pergunta meu endereço.

Saímos da faculdade e no caminho, fico calada. Não sei que tipo de conversa posso engatar, então foco meu olhar nas ruas, até que quebra o silêncio:

— Por que não queria aceitar minha carona? - Olha pra mim e depois volta sua atenção ao trânsito.

— É um pouco estranho. Costuma dar carona para seus alunos?

Recebo uma expressão divertida.

— Somente para aqueles que tem problemas com horário.

Eu acabo sorrindo com o que diz, fazendo-o me acompanhar.

O vendo assim, nem parece aquele professor que está sempre sério e adora pegar no meu pé.

Percebo que estou continuo olhando-o, quando sou acordada por sua voz:

— O que foi? - Franze a sobrancelha.

Que vergonha! Certeza que fiquei vermelha.

— Nada. - Que patética. Só consigo responder isso e me viro novamente para a janela.

Vejo pelo reflexo do vidro que me observa.

Preciso sair desse embaraço.

— O senhor não precisa me levar até em casa. Deve ser bem longe da sua. Pode parar em algum lugar por aqui que vou a pé mesmo.

— Acha mesmo que vou deixá-la no meio do caminho, Senhorita Ribeiro?! É obvio que eu não faria isso.

Por que ele tem que ser tão bonito assim? Sem contar que seu perfume, me deixa hipnotizada e estar aqui ao seu lado, me deixa nervosa, Mal consigo dizer algumas palavras sem parecer uma idiota. Eu deveria parar de pensar nessas coisas.

— Você mora sozinha?

Fico surpresa com sua pergunta. Foi tão do nada. Por que quer saber isso?

Seus olhos continuam atentos à estrada.

-Não, eu moro com a Kate, que é quase uma irmã pra mim. Na verdade, é mais que isso. Não sei bem definir.— E o senhor? - Não... eu não falei isso. Que vergonha. Saiu sem querer. — Desculpa, eu não queria perguntar isso e me intrometer em sua vida... Esquece.

Achando graça da situação, responde.

— Eu moro sozinho. - Me olha.

Concordo com a cabeça e mais uma vez, volto minha atenção às ruas. É, definitivamente ficar perto dele não faz bem pra minha cabeça.

Um tempo depois, ele para o carro em frente à minha casa.

— Chegamos. - Se vira pra mim.

— Muito obrigada pela carona. O senhor me ajudou muito.

—Não precisa agradecer. Gostei muito da sua companhia. - Dá um sorriso quase que imperceptível.

Oh, não esperava por isso. Respondo com um sorriso.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, mas quebro o contato.

— Bom... então eu já vou indo. Tchau. Boa noite.

— Boa noite.

Saio do carro e caminho até a entrada. Até que eu entre, percebo que ainda está lá.

Quando fecho a porta, consigo respirar normalmente. Que situação.

Percebo que Kate não está em casa. Às vezes ela chega bem tarde do trabalho.

Esquento meu prato de comida e quando termino, subo para o quarto.

Tomo um banho e me deito, mas já sei que não vou conseguir dormir tão rápido. Estou agitado devido a essa noite.

Fico me revirando na cama até que consigo pegar no sono.

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