Meu segurança

24.5K 1.6K 243
                                    

 — Boa tarde, meu amor. — Acordo com sua voz em meu ouvido.

— Hum.... — Me espreguiço. — Tarde?

Sentado ao meu lado, somente com um short de dormir, concorda com a cabeça.

— Já passou da hora do almoço, então não comece a reclamar, porque dormiu bastante.

Ergo minha mão em rendição.

— Não ia dizer nada. — Sorrio.

Sento na cama e me cubro com o cobertor.

Não sei onde minhas roupas estão.

— A Maria pegou para lavar. — Diz.

— Leu meus pensamentos? — Franzo as sobrancelhas.

Um sorrisinho de lado, se forma em seu rosto.

— Não exatamente, mas como está olhando ao redor, deduzi que fosse. — Explica. — Vou trazê-las para você.

— Obrigada.

Enquanto sai e me deixa sozinha, mando uma mensagem para a Kate, avisando que dormi aqui, mesmo que já tenha imaginado.

Talvez esteja com o Miguel, agora que são oficialmente namorados.

Ele preparou um jantar a luz de velas em sua casa e depois a convidou para dançar. Foi nessa hora que a pediu. Muito romântico.

— Aqui. — Volta com minhas peças em mão.

— Obrigada. A Maria não precisava ter tido esse trabalho. Posso tomar um banho?

— Não precisa pedir, meu amor. — Me dá um selinho.

Por mais que me deixe confortável para fazer o que quiser, não quero parecer uma folgada.

— Já volto. — Faço um coque e caminho até o banheiro.

A ducha daqui parece uma cachoeira quente.

Vontade de ficar embaixo a vida toda, mas não quero ser uma das responsáveis pela falta d'água no mundo, então não demoro muito, visto uma de suas blusas, que deixou sobre a pia e volto a encontrá-lo.

Quando me vê, bloqueia o celular e deixa em cima do criado-mudo.

— Precisamos conversar.

Pelo seu tom, lá vem problema.

— O que foi? — Sento ao seu lado.

— Primeiro, saiba que fiz isso para sua proteção. — Diz.

— Arthur, vá direto ao ponto, por favor. — Peço, preocupada.

— Tudo bem. — Respira fundo. — Eu contratei seguranças para ficarem atrás de você.

— O quê!? — Me levanto, incrédula. — Como assim!? Está me vigiando?

— Não é isso, Anne. Eles estão apenas fazendo sua proteção.

— Se é minha... — Enfatizo a última palavra. — Não devia ter me consultado antes? — Questiono.

— Não podia correr o risco de recusar.

— Então, escondeu de mim!? Ótima saída. — Ironizo. — Há quanto tempo isso está acontecendo?

— Não muito. Desde o dia que foi para aquela balada. Desconfio que o Jorge tenha colocado pessoas te observando. Isso explica o fato de aparecer nos mesmos lugares em que você, por isso pedi que o Eduardo, aquele que conheceu no dia da nossa viagem, descobrisse se era verdade, ou não.

— Espera. — O olho seriamente. — Alguém me seguia a mando do Jorge?

— Isso não foi confirmando, mas como o confrontei com essa hipótese, pode ter parado por um momento.

Algumas coisas começam a se encaixar na minha cabeça.

— Se lembra do homem que nos observa no café? — Pergunto e confirma com a cabeça. — Arthur, eu vi esse cara, desde quando a Maria ficou internada.

Fechando os punhos, dá soco no colchão.

— Não acredito que esse maldito faz isso há tanto tempo. — Pragueja.

— Que descarado. Me fez de idiota.

E eu como uma tola acreditando em seu arrependimento.

— Não se preocupe. — Segura minha mão, me puxando para ficar entre suas pernas. — Não deixarei que nada te aconteça.

— Qual sua verdadeira intenção? — Questiono.

— Ele quer se aproximar de você para me atingir, mas não deixarei. — Não sinto que está me contando toda a verdade. — Gostaria que conhecesse o segurança e aceitasse que sua proteção. Assim, poderá trabalhar melhor e agir caso o Jorge apareça.

Andar com um guarda-costas para baixo e para cima? Não me parece muito normal.

— Não sei, Arthur. Como será isso? Ficará sempre atrás de mim? Em qualquer lugar?

— Exceto dentro de casa. — Diz.

— Isso eu já havia deduzido. Como eu, uma garota pobre, vai aparecer por aí com um segurança? O que vou dizer as pessoas?

— Não diga nada. — Dá de ombros. — Podemos combinar para ser bem discreto, mesmo que já seja. Tanto que nem percebeu.

Penso um pouco e pondero a situação.

Não acredito que chegaremos a esse ponto.

O Jorge realmente tentaria alguma coisa contra mim?

Se bem que no nosso último encontro, foi bem agressivo e me deixou amedrontada.

— Está bem, mas vou tentar. Se isso me trazer qualquer transtorno, obrigada, mas pode dispensar seus serviços. — Aviso.

— Ótimo. — Sorri. — Na verdade, são dois homens. O Eduardo e o Dominic. Quer conhecê-lo?

— Tudo bem. — Concordo.

Descemos e me sento no sofá, enquanto manda uma mensagem.

Poucos minutos depois, a campainha toca e vai atender.

— Boa tarde, Senhor. — Ouço uma voz grossa.

— Boa tarde. Entre por favor.

Me levanto e escuto seus passos se aproximando.

Quando vejo o homem, meu queixo quase cai no chão. Ele é alto, tem os olhos azuis, barba e os cabelos levemente bagunçados.

— Esse é o Dominic, Anne. — Nos apresenta.

— É um prazer conhecê-la pessoalmente, Senhora. — Estende a mão para me cumprimentar.

É então que volto a realidade e paro de prestar atenção em sua beleza.

— Prazer conhecê-lo, também. — Correspondo ao seu gesto. — É você quem anda atrás de mim!? — Brinco.

— Exato. — Sorri.

— Como percebeu... — Arthur entra na conversa. — Ela já sabe sobre você e o Eduardo, então poderão ser mais ágeis, caso precise.

— Pode deixar. Ninguém lhe encostará um dedo.

— Me tranquiliza saber disso. Agora pode voltar ao seu posto, que passo novas instruções mais tarde. — Diz.

— Claro. Com licença. — Acena com a cabeça para mim.

Arthur o acompanha até a porta.

Eu esperava um homem de meia idade, com óculos escuros e terno. Não um cara assim.

Percebo que estou focada na direção que saiu, quando noto que o Senhor Monteiro voltou, me olhando com os braços cruzados.

— O que foi? — Pergunto.

— Acho que gostou bastante da ideia dele te acompanhar, certo!? — Ironiza.

— É preciso. Me garantiu isso.

— Mas não tinha o visto ainda. Se eu soubesse que era um projeto de galã de filme americano, teria pensado melhor. — Não consigo me segurar e explodo em risada. — Não tem graça, Anne.

— Ah, meu querido... Tem sim. — Coloco meus braços ao redor do seu pescoço. — Tem razão. Ele é mesmo um galã, mas agora é um pouco tarde para voltar atrás. — Sua cara se fecha mais ainda. — Acho que será bom tê-lo como segurança. — Provoco e lhe dou um selinho.

Me viro para ir em direção a cozinha, o escuto praguejar algo e vir atrás de mim.

Olha eu mexendo com fogo.

Com todo o amor que sinto pelo Arthur, mas o Dominic é um gato.

De qualquer forma, não trocaria meu Senhor Intenso, nem por todos os seguranças bonitos desse mundo.

Só quero irritá-lo um pouquinho, já que ultimamente sou eu que ando morrendo de ciúmes.

É bom dar uma equilibrada. 

MEU PROFESSOR Onde histórias criam vida. Descubra agora