Explicações

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Abro os olhos devagar e a claridade faz minha cabeça doer na mesma hora.

— Ai. — Coloco a mão sobre o rosto e massageio minhas têmporas.

Parece que levei uma pancada.

Remexo entre os lençóis e vejo algo que não esperava..

— Arthur!? — Sento na cama rapidamente, confusa com sua presença.

Acomodado em uma cadeira que fica em frente a minha cama, me observa atentamente.

— Bom dia, Anne. — Diz.

Ainda desnorteada, olho para minha roupa.

Eu dormi de vestido?

— Bom dia. — Finalmente, respondo. — O que está fazendo aqui?

— Primeiro, tome esse remédio. — Aponta para a cômoda.

Olho para o lado e há um copo com água e um comprimido.

— Para quê? — Pergunto, sem entender.

— Ressaca. Não se lembra de ontem?

Ponho minha cabeça para funcionar e alguns flashes confusos, piscam em minha mente.

— Me lembro de sair para me divertir e por último... Você dando um soco no...

—Jorge. — Completa minha frase.

Concordo com a cabeça e tomo o remédio.

Tomara que ajude a passar essa dor, logo.

Se aproximando da cama, senta ao meu lado.

— Eu te trouxe para casa, porque não conseguia andar direito e falava coisas sem sentido. — Explica.

— Ah, meu Deus. Não lembro de muita coisa.

Anne, espero que não tenha feito nenhuma bobagem.

— Primeiro, precisa se alimentar. — Pega uma bandeja que estava em cima da cômoda e a coloca em meu colo.

Há pão, bolo, suco, café e frutas.

— Foi você que preparou? — Questiono.

— Tive a ajuda da Kate.

Lhe dou um pequeno sorriso e pego minha xícara, tomando um grande gole, mas quase cuspo tudo.

— Argh. Está muito amargo. — Reclamo.

— Para curar ressaca, só assim. — Se diverte com a situação. — Me desculpe. Devia ter avisado.

— Tudo bem. — Deixo o café de lado e devoro tudo o que trouxe para mim.

— Obrigada. — Agradeço, quando retira a bandeja.

— Se sente melhor?

— Um pouco. Acho que um banho, vai me fazer bem. Já volto. — Saio da cama, como se ainda tivesse um peso em minha cabeça e vou para o banheiro.

Assim que fecho a porta e minha imagem reflete no espelho, quase caio para trás.

Meus cabelos desgrenhados e a maquiagem todo borrada, caracterizam minha derrota da noite passada.

Vamos consertar isso.

Tiro minha roupa e entro embaixo da água quente, que escorre pelo meu corpo, levando embora o cheiro de bebida.

Por que cheguei a esse estado?

Não sou de beber ao ponto de não me lembrar do que aconteceu e ainda tem o Arthur. O evitei tanto e agora está no meu quarto.

Termino o banho, me enrolo na toalha e.... Ai que droga! Não peguei o que vestir.

É sério que terei que sair assim?

Não que já não tenha me visto de formas até mais comprometedoras, mas agora é diferente.

Abro a porta devagar e o vejo ainda em minha cama.

— Esqueci de pegar minha roupa. — Digo, para quebrar o silêncio.

— Tudo bem.

Vou até o guarda-roupa e procuro algo, sentindo seus olhos em minhas costas.

Pego uma calcinha, minha blusa de dormir e volto a me enfiar no banheiro.

Após alguns minutos, respiro fundo e saio.

Começo a pentear meus cabelos que acabei de lavar, até que pergunta:

— Foi com o Jorge para a balada?

Me viro para olhá-lo.

— Não. Estava sozinha e ele apareceu, depois que eu já tinha chegado. — Explico.

— Estranho. — Franze a testa.

— Como assim!? Não estou mentindo. — Me defendo.

— Não estou duvidando de você, mas não seria muita coincidência se encontrarem? Há muitas casas noturnas pela cidade, principalmente próximas ao bairro dele. — Questiona.

— Disse que um amigo indicou o lugar. — Lembro que comentou algo do tipo.

Ficando em silêncio, apenas concorda com a cabeça.

— O que está pensando? — Pergunto.

— Nada. — Mesmo que não acredite, resolvo não insistir. — Anne... Aconteceu alguma coisa? 

— Não. Ficamos bebendo... Bem, eu mais que ele... Depois, fomos dançar e foi quando aproximou de mim, mas eu não queria. 

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