MEU PROFESSOR

Mentira

Não acredito quando o despertador começa a tocar.

Parece que fechei os olhos agora.

Me espreguiço e levanto, ainda dormindo em pé.

Vou para o banheiro, tomo um banho, visto minha roupa, pego minhas coisas e desço para a cozinha, tudo em modo automático.

— Oi, bom dia. - Cumprimento a Kate.

— Oi, meu bem. Bom dia. - Me dá uma xícara.

— Preciso dessa garrafa inteira para espantar meu sono. - Brinco.

Assopro o café, antes de tomar.

— Se encontrou com o Arthur ontem, depois que ele saiu daqui? - Pergunta.

Quase me engasgo com o líquido quente e começo a tossir.

— Como assim?! O Arthur? - Consigo falar em meio à falta de ar.

— Sim. Procurava por você e pensei que tinha te ligado.

Oh, droga.

— Alguém me ligou, mas não atendi, porque não reconheci o número. - Explico. — Ele disse o que queria?

— Apenas que não tinham combinado nada e não teve tempo de se falarem depois da aula.

Por que foi vir logo ontem?

— Estava com a Lisa? - Pergunta, enquanto se senta ao meu lado.

— Não. Saí com o Lucas.

— Vocês.... - Com uma cara de interrogatório, franze a testa.

Entendendo o que quer dizer, a interrompo.

— Não, Kate. Fomos ao teatro. Só isso. - Esclareço.

— Eu não sabia disso, então falei que devia ter saído com a Lisa. Vai dizer a verdade? - Pergunta.

Penso um pouco.

— Não sei. Se eu disser que saí com o Lucas, vamos brigar com certeza. - A olho, angustiada.

— É uma escolha só sua. - Passa a mão em meu rosto.

Para pessoas indecisas com eu, essa é uma coisa que nunca queremos ouvir.

— É melhor ir, ou vai se atrasar. - Diz.

— Tem razão. Tchau. - Lhe dou um beijo na bochecha.

Pego minhas coisas e saio de casa.

Vou todo o caminho pensando nessa história.

Chego à faculdade e já vou para a sala, sentando em meu lugar.

— Oi, Anne. - Olho para cima e vejo que é a Lisa. — Aconteceu alguma coisa? - Pergunta. — Parece tensa.

— Não pareço, estou.

— O que foi? - Fica ao meu lado, para me ouvir.

— O Arthur foi lá em casa ontem, depois que eu saí. Até me ligou, mas não atendi, porque era um número desconhecido e agora não sei o que dizer. Acha que eu digo a verdade?

— Vocês não estavam fazendo nada de errado, mas sabemos da implicância que tem com o Lucas. É provável que fique com ciúmes, então.... - Dá de ombros.

— Não queria mentir, mas não quero brigar.

Ela me dá um sorriso reconfortante, enquanto faz um carinho em meu braço.

— Oi. - Os meninos chegam.

— Tudo bem, Anne? - Lucas pergunta.

— Tudo. - Sorrio, para que não desconfie e queira saber mais.