Mentira tem perna curta

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Esses dias foram bem corridos.

Fiquei ocupada com algumas coisas da faculdade, mas a boa notícia é que a Maria teve alta.

Como não tive tempo de visitá-la ainda, combinei com o Arthur de ir hoje.

Já que é sexta, não preciso correr com minhas tarefas.

No final da aula, o aguardo, enquanto passa na sala dos professores.

— Pronto, Anne. Podemos ir.

— Está bem. Ah... Só um minuto... - Abro minha bolsa e vasculho entre os cadernos. — Droga! Esqueci minha folha com a Lisa.

— Passamos na casa dela, se quiser. - Oferece.

— Acho que... - Sou interrompida por uma voz, atrás de mim.

— Anne.

Fico paralisada, ao perceber que é o Lucas.

Já não era para ter ido embora?

— O que está fazendo aqui? - Pergunta.

Olho para o Arthur, para que me salve da situação.

— A Anne estava tirando algumas dúvidas comigo. - Inventa.

— Ah. Já terminou? Tenho mais dois ingressos para o teatro. Só que dessa vez, não é comédia. Vamos? - Coloca a mão em minhas costas.

Não acredito que falou isso.

Volto minha atenção ao Arthur, que está com a testa franzida.

Devo estar mais branca que um papel.

— Ela já terminou, sim. Boa peça para vocês. Com licença. - Se vira e nos deixa sozinhos.

É evidente a irritação em sua voz.

— Anne? - Lucas espera minha resposta.

— Não vai dar... Eu... Não estou muito bem... Tenho que ir agora. - Saio, sem deixar brecha para questionamentos.

Preciso falar com o Senhor Intenso e rápido.

Que não tenha dado tempo de ir embora.

Praticamente, corro para o estacionamento e olho para trás para ver se o Lucas me segue.

Por sorte, chego ao estacionamento e ainda o vejo se aproximando do carro.

— Arthur. - O chamo, mas não dá atenção.

Me apresso mais ainda e seguro seu braço, fazendo-o se virar.

— Por favor, me deixa explicar. - Peço.

— Explicar o quê?! Que se confundiu quando disse que havia saído com a Lisa e não com seu amigo?! Talvez tenha errado a pessoa, não é?! Um detalhe básico. - Ironiza, com irritação.

— Não queria ter mentido, mas quis evitar qualquer problema.

— Acho que seu plano falhou. - Se afasta, indo para o carro.

— Espera... - Dou um passo para impedi-lo.

— Não acho que seja bom conversarmos agora. Estou com a cabeça quente e essa discussão pode piorar.

Fico parada igual uma estátua, enquanto vai embora.

Droga!

Por que o Lucas tinha que dizer isso perto dele?

Realmente, sorte é uma coisa que não ando tendo.

Saio dali e vou para o ponto de ônibus, quase perdendo o último.

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