Mal estar

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Abro os olhos com um pouco de dificuldade.

O lugar está bem claro e há uma luz forte que bate em meu rosto.

Será que eu morri? Não esperava que seria tão rápido.

Minha visão está embaçada, então escuto um "bip" e identifico uma silhueta à minha frente.

— Anne, você está bem?

Vou voltando ao normal e vejo que é o Arthur.

Seu olhar está preocupado e me analisa atentamente.

— Oi.... Me sinto um pouco tonta, mas não tenho mais dor. O que aconteceu? - Pergunto.

Parando ao lado da cama, explica:

— Você desmaiou e te trouxe para o hospital.

Olho ao redor e vejo alguns aparelhos. Agora está explicado os sons e a luz.

Percebo que estou tomando soro na veia.

— Foi você mesmo que me trouxe? - Questiono.

— Sim. - Pega minha mão. - Você desmaiou na minha frente. Fiquei muito preocupado, então te trouxe às pressas para cá.

— Mas deixou a aula?! Não vai ter problemas?

— Não. Já comuniquei à direção. Eles passarão uma atividade que planejei. - Diz.

Quando leva sua mão ao meu rosto e acaricia minha bochecha com o polegar, fecho os olhos para sentir seu carinho.

— Me deixou muito assutado, Anne.... De verdade.

Volto a olhá-lo.

— Obrigada por ter cuidado de mim. - Lhe dou um sorriso gentil e recebo o mesmo.

— Só não faça mais isso. - Pede.

— Juro que não foi proposital—Ergo as mãos para cima. - O médico disse alguma coisa?

— Não. Precisamos aguardar o resultado dos exames.

— Hum. Será que é algo grave? Era uma dor bem forte. - Pergunto.

— Não pense nisso. Vai ficar bem. Tenho certeza. - Beija minha mão.

Fico surpresa com seu gesto.

Bom.... Não estamos muito bem depois da nossa briga.

Só sei que me sinto feliz por estar aqui comigo.

Alguém bate na porta, interrompendo nosso momento.

— Entre. - Diz.

Um homem vestido de branco adentra o quarto e me dá um sorriso.

— Que bom que acordou, Senhorita Anne. Sou o doutor, Carlos Almeida. Estou cuidando do seu caso. - Se apresenta, gentilmente.

— Prazer, Doutor. Já sabe o que tenho? - Pergunto apreensiva.

— Não é nada grave. O Arthur me disse que relatou uma dor abdominal, porém os exames não constataram nada anormal. Você teve uma queda de pressão, por isso o desmaio. As dores podem ter surgido devido o estresse. Tem ficado nervosa, ou preocupada ultimamente? Talvez algo que possa ter acarretado esses sintomas?

Olho para Arthur.

Fiquei muito nervosa com nossa briga. Na verdade, foi uma mistura de sentimentos.

— Todos temos problemas, não é doutor?! - Respondo.

— Sim. Quando se acumulam nosso organismo dá uma resposta, mas vai ficar tudo bem. Já está de alta. Só precisa terminar o soro. Indico que descanse e não tenha fortes emoções. Caso se sinta mal, volte ao hospital novamente.

— Tudo bem. Vou me cuidar. Muito obrigada. - Agradeço.

— Estou às ordens. Tenho que ir. Tchau para vocês.

— Tchau, doutor. Obrigado. - Arthur aperta sua mão.

Ele vai embora.

— Que bom que não é nada grave. É só seguir as recomendações e estará ótima de novo. - Diz.

— Verdade. - Concordo.

Passei mais um tempo terminando o soro e depois que a enfermeira veio tirar a agulha, entrei no banheiro para me trocar.

Aqui é bem bonito. Não parece um hospital público.

Visto minhas roupas e saio.

— Pronto. - Digo ao Arthur, que está sentado em uma poltrona confortável.

— Vamos, então. - Abre a porta para mim.

Caminhamos pelos corredores e quando chegamos à sala de espera, me faz parar.

— Espere aqui, Anne. Vou acertar a conta.

— Conta? - Repito com a testa franzida.

— É.

 — Ah... Eu não tenho dinheiro, Arthur. Não precisava ter me trago a um hospital particular.

— Não se preocupe. Eu pagarei. - Diz.

— Tá, mas eu te reponho depois.

— Não, não vai. - Afirma.

— Mas.... - Tento argumentar.

— Anne, chega. - Me interrompe. – Já volto.

Ele vai até a recepção e só resta esperar.

Minutos depois, volta e saímos do hospital.

Fomos todo o caminho em silêncio.

Chegando em casa, entra comigo.

— Anne... - Kate aparece na sala—Ah... Oi Arthur. - O cumprimenta, assim que percebe que estou acompanhada. — O que aconteceu? Chegou mais cedo.

— Eu passei mal, Kate. O Arthur me levou ao hospital.

— Como assim passou mal?! - Franze a testa, preocupada. - O que sentiu? - Se aproxima e me olha de cima a baixo.

— Tive uma forte dor na barriga e acabei desmaiando, mas fica calma. O médico disse que pode ser estresse e queda de pressão.

— Ah, menos-mal.

— Ela precisa descansar e evitar esse tipo de coisa. - Arthur completa.

— Obrigada por cuidar da Anne. - O agradece. - Suba que vou preparar algo para comer. - Me diz e vai para a cozinha.

— Eu te acompanho. - Coloca a mão em minha cintura e me encaminha até o quarto.

Entro no banheiro para vestir algo mais confortável e depois me sento cama.

— Desculpa por isso, Anne. - Empurra o cobertor sobre minhas pernas. - Talvez nossa discussão tenha feito você passar mal. Não queria mesmo que isso acontecesse. - Me olha, tristemente.

— Arthur.... - Pego sua mão. - Você cuidou de mim. Se não estivesse lá, poderia ter sido pior. Com a queda é provável que bateria a cabeça no chão. Não pensa nisso.

Ele dá um sorriso fraco.

Kate bate na porta.

—Trouxe sanduíche para vocês.

— Obrigado, mas vou indo. Tchau Anne, melhoras.

— Tchau. Obrigada, Arthur. - Digo.

Acenando com a cabeça, sai do quarto e nos deixa a sós.

— Come e descansa. Amanhã estará bem melhor. Preciso fazer um telefonema. — Me dá um beijo na testa.

Faço o lanche e me deito.

Tento não pensar em nada para conseguir dormir. Eu preciso né?! Passei a noite em claro.

Não demora muito e acabo pegando no sono

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