MEU PROFESSOR

Preocupação

* Arthur On

Cheguei à faculdade e fui direto para a sala dos professores.

— Bom dia. — Cumprimento os demais mestres e vejo o Miguel na ponta da mesa.

— Arthur. — Sorri, assim que me vê. — E aí!? Alguma novidade?

— Nenhuma. — Sento ao seu lado. — Será mais um dia como os outros. Darei uma atividade avaliativa.

— Na sexta-feira!? — Balança a cabeça negativamente. — Por isso os alunos não gostam de você. — Lhe dou um olhar mortal, que o faz rir. — Não entenda mal, mas é que podia relaxar mais e se aproximar deles.

— Sou o professor, não um colega de turma. Não tenho que ficar próximo de ninguém. — Digo.

— É mesmo!? — Ergue uma sobrancelha, sugestivamente. — Nem da Anne?

Me dá uma raiva, quando não controla a boca e fala isso em alto e bom tom.

— Claro que sim. É minha noiva. — Abaixo o tom.

— Por falar nisso, até agora não fui convidado formalmente para ser padrinho. — Reclama.

— Porque não vai. — Ele se vira bruscamente para mim, espantado. — Estou brincando. — Rio do seu desespero. — Não falamos sobre isso ainda, mas pode ficar tranquilo que seu lugar está garantido.

— É bom mesmo. — Suspira, aliviado.

Conversamos mais um pouco, até que chega o horário de início das aulas.

Caminho até a sala e todos entram, ao me verem.

Passo pela porta e a fecho, indo para a minha mesa.

Como sempre, olho para a Anne, mas dessa vez, ela não está.

Que estranho. Já tem um bom tempo que não se atrasa.

— Bom dia. — Os cumprimento. — Alguma dúvida sobre o exercício que farão hoje?

Ninguém se manifesta, então pego as folhas começo a distribuí-las.

Ao terminar, sento em minha cadeira e como todos estão em silêncio, resolvo mandar uma mensagem.

Onde está, meu amor?

Bem, não é a coisa mais anormal do mundo, pois no primeiro dia de aula, chegou cinco minutos atrasada.

Era impossível imaginar que estava dando bronca na minha futura esposa.

Se passa mais dez minutos e nada.

Será que acordou se sentindo mal?

Pode ser, mas creio que teria avisado.

Talvez a Lisa saiba, porém não há como interrompê-la, muito menos, na frente de todos.

Envio outra mensagem:

Anne, estou preocupado. Por que não veio a aula?

Aguardo ansiosamente a resposta, mas sem sucesso.

Alguém bate na porta e autorizo a entrada no primeiro toque.

— Com licença. — Um supervisor acena para mim. Pensei que fosse a Anne. — O diretor pediu que o chamasse.

Ah, hoje é dia de entregar o relatório semanal.

— Pode ficar aqui até eu voltar? — Pergunto.