No campo de batalha

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O caos se espalhava ao redor dos irmãos Stark. Nenhum treinamento no mundo evitaria a confusão que estavam sentindo naquele momento. Seus companheiros e aqueles que combatiam tombavam e caiam aos montes. Ocasionalmente, a explosão de uma mina enterrada os assustava e jogava terra por cima de tudo e de todos. Rickon e Bran combatiam praticamente ombro a ombro, porém conforme seus inimigos se aproximavam, ironicamente os irmãos se afastavam. 

Foi quando atingiram Bran, e mesmo a distância, Rickon pôde ver perfeitamente o que estava acontecendo. O mais novo gritou num misto de pavor, raiva, vingança e rancor.

-Bran, Bran olha pra mim - Rickon tentava desesperadamente apoiar sua cabeça.

-Não... - murmurou o mais velho - não... não sinto...

E no momento seguinte estava desmaiado. Segurando o irmão nos braços, Rickon correu pelas trincheiras e conseguiu chegar mais ou menos a salvo às tendas de pronto socorro. Mesmo com o coração pesaroso, deixou o irmão para trás aos cuidados das enfermeiras e como um verdadeiro guerreiro, voltou ao campo de batalha atacando seus inimigos com toda fúria, pensando que assim vingaria o irmão, já com medo de perdê-lo para sempre.

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Bran acordou depois de um longo tempo. Havia tido sonhos estranhos. O corvo, tão familiar e tão diferente, grasnava insistentemente "Voar, voar, não andar". Não sabia como interpretar aquilo, temeu ser um mau presságio. Foram três longos dias até que abrisse os olhos.

Depois da claridade, a primeira coisa que notou foi a paralisia. O desespero lhe tomou conta, como poderia ser um soldado sem que suas pernas se mexessem? A única coisa que pôde confortá-lo no momento foi seu irmãozinho ao seu lado.

-Eu não sinto as pernas - lamentou Bran com um pouco de revolta na voz - quando fui atingido, eu senti que elas adormeceram. Pensei que depois de um tempo, elas voltariam ao normal...

-Eu sinto muito irmão, de verdade - Rickon foi solidário - o médico do exército não nos deu esperança, disse que tudo o que resta é voltar para casa.

-Voltar? Voltar? Não, Rickon - decidiu Bran - como poderia voltar? Eu não serei um fardo pra nossa família, que me deixem aqui até o final desse conflito e então decidirei como vou passar o resto da minha vida.

-Não pode pensar assim! - disse o mais novo com certa energia - independente do que aconteceu, você tem uma vida, pessoas que te amam em Winterfell e não vou deixar que desista dela. Eu sou seu irmão, sangue do seu sangue, e por esse laço que nos une, eu irei fazer de tudo para não desista de viver a sua vida. Entendeu?

Brandon apenas assentiu, frustrado, porém sentindo-se confortado pelo irmão.

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Rickon deixou seu irmão em repouso e pôs-se a escrever uma carta para seus pais.

"Queridos pai e mãe,

Escrevo com alegria e com dor e aperto no coração ao mesmo tempo. Aviso a vocês e a toda nossa família que em breve nos reencontraremos. Eu e Rickon voltaremos definitivamente para casa, ambos vivos. Infelizmente, não posso dizer completamente a salvo. Bran encontra-se paralisado e nosso médico me disse que é permanente. Não se preocupem, ele está bem melhor agora, não deixei seus cuidados por nenhum momento, o importante é que estamos vivos e em breve estaremos em casa.

Nos deseje uma boa viagem, até a volta,

Rickon Stark."

Ned e Catelyn receberam a notícia com choque e desespero. Seu menino havia corrido um sério risco de perder a vida e, a duras penas, havia sobrevivido. Depois do choque inicial, conseguiram se recompor, fortalecendo um ao outro, como sempre faziam, sendo os dois o alicerce que mantinha a família unida. Eles receberiam seus meninos de braços abertos, dando o seu melhor para que eles esquecessem os horrores da guerra.


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