Acertos

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Enquanto Jaeherys se recuperava, sua mãe fazia uma persistente vigília no seu leito. Ela o observava dormir e, lentamente, conversava com ela, ainda debilitado, mas melhor a cada dia.

-Não deveria estar aqui-falou o rapaz ao ver o sono e cansaço de Daenerys-tem trabalho a fazer mamãe e além disso meus irmãos reclamam quando vem me visitar.

-Ah é?-ela cruzou os braços em tom de brincadeira-mas eu sempre sou pontual em ler poesias e contar histórias pra dormir.Mas falando seriamente, Arya ficou doente por sua causa.

-É, eu senti o quanto fiz falta quando ela me abraçou forte-Jaeherys também sentiu falta da irmã-o Dr. Luwin disse que logo vou poder voltar pra casa.

-Vai ser maravilhoso-Daenerys se alegrou com a possibilidade-vamos fazer um baile em sua homenagem.

-Não mãe, sério não precisa-pediu o rapaz, constrangido.

-Está bem-ela riu-só volte pra casa, meu menino.

-Me perdoe mãe-Jaeherys se comoveu pelo jeito terno da mãe falar-eu só lhe trouxe preocupações com essa história de duelo.

-Não filho, não faça isso-Daenerys pegou sua mão-eu desencadeei tudo isso de uma forma indireta, desde quando minha ambição tornou-se desenfreada. Só que eu aprendi a lidar com as consequências dos meus erros.

-Acho que eu também-confessou o filho-embora essa consequência tenha um preço alto demais.

-A vida não nos cansa de ensinar-Daenerys completou-e nós temos que por em prática o que aprendemos.

Assim, sozinhos em meio ao silêncio, mãe e filho analisavam as consequências de sua impulsividade num irônico momento de paz.

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Em Winterfell, os Stark regozijaram ao ter boas notícias da recuperação de Jaeherys. Após dias de agonia, a preocupação de todos havia se dissipado. Mas além dos preparativos dos casamentos de Sansa e Tyrion e Bran e Meera, algo incomodava particularmente o jovem Rickon, o que não passou desapercebido por Roslin.

-Desculpe perguntar e me perdoe se estou invadindo seu espaço pessoal-ela iniciou uma conversa quando eles estavam sozinhos-mas está tudo bem Rickon?

-Ah... não tem problema Roslin-respondeu ele-eu só... acho que estou confuso.

-É algo que eu posso ajudar?-ofereceu ela.

-Bom, bem já que me fez uma pergunta pessoal-ele falou meio incerto-posso lhe fazer uma?

-Acho que sim-ela deu essa chance ao cunhado.

-Você ama Robb de todo coração não é? Mas casaram-se à força-Rickon falou.

-É verdade, as duas coisas-concordou ela-pode me dizer onde quer chegar.

-Como soube... teve certeza de que amava Robb?-ele finalmente conseguiu perguntar.

Roslin sabia que ele só podia estar se referindo a Lyanna com toda aquela conversa.

-Eu percebi que sentia falta da sua companhia quando não estava por perto-suspirou a sra. Stark-que ansiava por sua volta quando estava longe, pensava em como estava e queria tê-lo ao meu lado pra sempre.

-Eu... sinto essas coisas-confessou Rickon-por Lyanna. Só não conte ao Bran que admiti isso.

-Da minha parte não vou dizer nada-prometeu ela-mas por sorte sua, acho que Lyanna corresponde seus sentimentos. E já que são amigos há tanto tempo, deveria ser honesto com ela.

-Mesmo que a resposta dela seja negativa?-o rapaz ainda estava incerto.

-Acredite em mim, Rick-Roslin deu um sorriso materno-há uma chance muito pequena disso acontecer.

Após aquele último conselho da cunhada, decidiu reunir coragem e contar a Lyanna o que sentia.

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No dia seguinte a srta. Mormont estava pontualmente na mansão dos Stark para o velho passeio que ela sempre fazia com Rickon. Aos poucos, ela mesma, apesar de sua dureza e rigidez, admitiu que o amava. Constantemente ela se preocupava com ele e gostaria de estar sempre perto dele e percebeu que, sua implicância era a irritação que sentia por não conseguir tirá-lo de sua mente. E depois de muito refletir, chegou a essa conclusão. Os irmãos e cunhados de Rickon afirmavam sem dúvidas que ele também gostava dela, embora ele não quisesse admitir. De qualquer forma, por conhecê-lo tão bem, não o forçaria a dizer algo sobre o assunto.

-Está nervoso hoje-reparou ela quando o encontrou na companhia de Felpudo-espero que não seja algo tão ruim assim que está te perturbando.

-Não, não é isso é que...-Rickon parou na frente de Lyanna de forma significativa.

Estava tentando recobrar a coragem de soldado.

-Obrigado-sua voz nervosa emitiu-por tudo que tem feito por mim, por sua amizade e companhia.

-Já disse que não é nada demais-ela sorriu-mas obrigada, por agradecer.

-Lyanna-dessa vez Rickon voltou a caminhar ao lado dela-gostaria de perguntar... não, digo, quero te falar que tenho quase certeza de que eu... te amo.

-Quase certeza?-Lyanna queria rir mas não conseguiu-porque eu há muito tempo tenho essa certeza em relação a você Rickon. Descobri o que era toda essa minha implicância. Eu espero que chegue à certeza plena.

-Eu disse quase por medo, por receio-ele estava mais aliviado agora-mas já que me corresponde, eu tenho plena certeza que quero correspondê-la na mesma medida.

Ela o abraçou, algo que ela não ousava fazer mesmo em tanto tempo de amizade. Era um limite dos sentimentos de Rickon que ela não ousava ultrapassar. Mas agora tudo estava bem, e, por mais que os fantasmas do passado dos tempos de guerra ousassem assombrar, não provocavam mais tanto medo.

Depois do abraço seus olhares se cruzaram e em silêncio, entenderam que aquele momento deveria ser selado com um beijo. E assim foi feito, apenas confirmando o que todos sabiam e o que eles mesmos demoraram para perceber.

Quebrando a RodaOnde histórias criam vida. Descubra agora