Just me.

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Eu poderia ter nascido numa família diferente, com pais que me amassem e com dezenas de primos, mas pelo visto não foi assim.

Não reclamo da minha avó, muito pelo contrário, sou muito grata por ela, só me pergunto como que seria se eu tivesse tido um pouco mais de liberdade na fase que todos dizem ser "a melhor" da vida de qualquer um.

Eu sempre vivi com Lúcia, minha avó, ela sempre fez de tudo por mim, mas chegou em um certo momento que eu que tive que fazer de tudo por ela, e eu não a abandonaria num momento desses. Eu passei meses tentando convencê-la que iria deixar a faculdade pra depois, mas ela não concordava. Quando ela viu que eu iria "ganhar" essa batalha e continuar cuidando dela, um certo "tio" meu brotou do nada, oferecendo tratamentos especiais para a minha avó num "asilo" especial, e eu tinha estudado sobre aquele lugar, era conhecido como "o paraíso dos idosos", e eu só deixaria a minha avó em boas mãos.

"Ah, Lauren, então quer dizer que você não saía de casa? Nunca?" Não. Uma vez eu tentei sair, minha avó me convenceu a ir numa festa na rua de casa, mas quando eu cheguei lá eu só conseguia pensar se ela não tinha levado uma queda ou algo do tipo, aquilo me atormentava.

Eu era muito nova quando meus pais me abandonaram, desde que eu me lembro eu moro com a minha avó, e com isso, tive que crescer rápido, querendo ou não.

Eu sempre me privei de tudo: de sair, de ter amigos, de viver, de amar. Confesso que fiz algumas amizades no colégio, mas nada que me fizesse levar comigo pra sempre. Ah, e sempre tem aquela decepção... Aquele garoto que te olha diferente e você começa a imaginar coisas. Não vou me gabar, mas eu achava estranho quando os meninos do colégio davam em cima de mim, eu não entendia o porquê, já que nunca fui de me achar bonita, mesmo que a minha avó repetisse todos os dias pra mim que eu tinha os olhos mais lindos que ela já tinha visto. Com o tempo, eu comecei a me interessar por um garoto, foi quando uma "amiga" foi lá e o fisgou mais rápido que um leão pega a sua presa.

Obrigada, querida amiga.

Pensando por um lado, até que eu devo agradecê-la, isso fez com que eu abrisse os olhos, não me entregando tão fácil nem nas amizades e nem no amor.

Nunca fiquei com ninguém, sempre me privei do sofrimento, sempre tive medo de me decepcionar ou de decepcionar a pessoa. Sei lá, vai que eu nasci com uma maldição que faça com que eu não saiba beijar?

Odeio isso, odeio essa insegurança que parece me consumir.

Ah, e sobre o meu tio que surgiu do nada pra cuidar da minha avó? Sou grata a ele, mas não entendi por que a minha avó insistiu que eu morasse com ele enquanto eu estivesse na faculdade, eu nunca tinha conhecido esse tal de Jack Alexander Dallas.

Kiss me hardOnde histórias criam vida. Descubra agora