It's hard.

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Se ele não sente mais nada por mim, por que essa implicância em olhar pra mim desse jeito? Não, não é apenas um olhar, é o olhar de Cameron Dallas que só faz foder com a minha vida desde o dia que eu abri a porta do meu quarto para conhecer o meu suposto primo, que depois descobri que era meu irmão e depois descobri que não era nada, só... Só o amor da minha vida. É, somente.

O tempo passou, a vida mudou mas eu continuava dele, continuava a mesma Lauren de sempre que gritava "piroca" quando bebia, que gostava de vodka on fire, a Lauren que gostava de admirar o sorriso do Cameron mais do que o céu mais estrelado de todos os tempos. Eu continuava aquela garota que ia dormir assustada quando tinha algum trovão e pensava nele segurando em minha mão e dizendo que estava tudo bem, que ele estava ali comigo, quando eu sentia tontura em alguma escada, lembrava do meu medo de altura e dos nossos momentos no telhado.

A única forma de eu esquecer Cameron Dallas é perdendo a memória, e mesmo assim, ele ainda ficaria guardado no meu subconsciente.

— Lauren. – Uma voz rouca me despertou dos meus pensamentos e eu notei que era o Matthew.

— Oi, Matt. – Eu disse enquanto ele se sentava ao meu lado, eu estava sentada na areia esperando o sol se pôr, todos estavam dentro da casa jogando vídeo game ou fazendo outra coisa.

— Você tá bem?

— To sim, eu acho.

— Não parece...

— Você me entende tão bem. – Eu disse sorrindo de lado e ele sorriu. – O que mais aconteceu enquanto eu estive fora? Digo, você e a Giovanna...

— Ah, a Giovanna? Não rolou nada sério, ela é boa demais pra mim.

— Como assim? – Perguntei rindo.

— Ela é como uma princesa, Laur, ela é muito boa, tipo, muito. Eu a magoaria, eu não sou assim...

— Assim como? Bom? – Eu dei uma risada. – Matthew, você é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. – Nesse momento ele olhou pra mim e a luz do sol se pondo refletiu em seus olhos cor de mel, fazendo com que eles brilhassem de uma forma maravilhosa.

— Ah, Lauren... – Ele disse balançando a cabeça negativamente. – Se eu sou tão bom assim, por que você... – Ele parou de falar e respirou fundo. – Ai, Lauren, eu achei que quando você fosse embora eu ia finalmente te esquecer.

— Me esquecer? Por que você iria querer me esquecer? – Arqueei as sobrancelhas e dei um sorriso.

— Porque faz mal amar sozinho. – Ele disse dando um sorriso sem jeito e se levantou, indo em direção à casa.

O Matthew me faz tão bem, e eu só faço mal a ele.

(...)

Estávamos numa montanha alta e o Cameron estava comigo, mas quando olhei pra trás os meninos não estavam mais ali, todo mundo tinha sumido e o Cameron se aproximou de mim, fazendo com que eu desse um passo pra trás e sentisse meu corpo caindo. Minhas mãos foram pegas com força pelas mãos do Cameron e eu me vi numa altura absurda com o Cameron me segurando e tentando me puxar.

— Não me larga, Cameron. – Eu disse num tom de desespero.

— Nunca. – Ele disse com um sorriso, logo depois sua expressão facial mudou e eu vi seus olhos marejados. – Eu tenho que fazer isso.

E então ele me soltou.

Acordei com falta de ar e com a cama toda bagunçada, o meu coração batia a uma velocidade absurda e eu coloquei as mãos na cabeça, fechando os olhos com força e piscando várias vezes. Me sentei na cama e tentei controlar o ritmo da minha respiração.

Me levantei e avistei um berço com um bebê dentro, era uma menina, ela olhou sorrindo pra mim e de repente eu escutei o barulho da porta abrindo, um homem entrou no meu quarto com uma arma apontada na cabeça de outro homem que estava sobre seu domínio.

— A sua mãe não vai viver e nem você, pequena Lauren, e não pense que seu pai vai sair dessa vivo não. – Ele disse soltando o homem, que no caso seria o meu... Pai, e apontando a arma para o bebê, avistei minha mãe tentando correr contra o homem armado mas outro a segurava.

— Lauren, não! – Escutei a voz do meu pai e ele entrou numa luta com o homem armado.

Eu não conseguia me mexer, meus pés pareciam estar presos ao chão, escutei um barulho de tiro e senti algo quente rasgar o meu peito.

— PAI! – Eu gritei e minha voz ficou totalmente rouca. Caí de joelhos no chão com a mão no peito e vi minha mãe chorando tentando se soltar do outro homem armado.

Meu pai estava caído no chão e o ladrão também, o homem que segurava a minha mãe correu para fugir e eu pude ver que meu pai tinha pego uma arma, atirando quem atirou nele.

— Cuida da nossa pequena. – Ele disse num último suspiro e seus olhos ficaram fixos no berço.

Acordei dando um pulo do sofá e senti alguém me segurando.

— Ei, calma, calma. – A Giovanna disse tentando me acalmar, eu estava me tremendo e estava toda suada. – Eu estava tentando te acordar, você estava quase se debatendo contra o sofá.

— Isso é um sonho ou realidade? – Eu perguntei tentando voltar a respirar normalmente.

— Realidade, Lauren, fica calma, eu to aqui. – Ela disse me abraçando e então eu respirei fundo, sentindo o seu perfume e tendo a certeza de que a minha irmã estava ali comigo.

(...)

Acordei no outro dia muito atordoada, passei quase uma hora no chuveiro e me perguntei se a água reservada ali acabasse eu teria que tomar banho com a água do mar. Comecei a rir disso e penteei meu cabelo, vestindo uma roupa simples e passando rímel, logo depois passando BB cream que é a mesma coisa que base e protetor solar juntos então eu saí no lucro.

Quando saí do quarto, avistei todos na sala, parecia que eles estavam conversando sobre algo sério.

— O que aconteceu? – Perguntei terminando de descer as escadas.

— O Taylor foi ligar o iate pra aquecer o motor e ele não ligou de jeito nenhum. – Nesse momento arregalei os olhos, imaginando todos ali como índios.

— E aí? – Foi a primeira coisa que veio em minha mente.

— E aí que o Taylor falou com o pai dele, mas não tem nada disponível pra nós, teremos que esperar uma semana, e ainda tem que a energia pode acabar a qualquer momento, sorte que a água ainda tem muita.

— Isso se pararem de tomar banhos demorados. – O Sammy disse olhando pra Thuda e ela deu um soco devagar no braço dele.

Agradeci mentalmente pela minha menstruação ter acabado antes de eu vir nesse passeio e vi a preocupação estampada no rosto de todos. Olhei pra Cameron e ele estava de cabeça baixa, com certeza com saudade da namoradinha. Argh.

— E agora? O que vamos fazer?

— Vamos ficar uma semana toda aqui? Por que seu pai não manda um helicóptero, Taylor?

Taylor apenas revirou os olhos e o Hayes riu.

— Aposto que é como forma de castigo por não ter abastecido o iate. – Hayes disse rindo e todos se voltaram para o Taylor.

— Você não abasteceu o iate? Qual o seu problema? – Todos começaram a questioná-lo e eu revirei os olhos rindo, indo pra parte de fora da praia.

Comecei a caminhar descalça pela areia enquanto sentia o vento bater levemente no meu rosto, jogando o meu cabelo pra trás.

Fechei os olhos e respirei fundo.

Vai ser difícil passar uma semana tão perto dele, tão perto e ao mesmo tempo tão longe, vai ser difícil olhar para o mar, escutar o barulho das ondas se desfazendo e não lembrar da nossa primeira vez, de como tudo era antes.

Por um momento eu desejei aquela vida de volta, as minhas loucuras nas festas, o morango com nutella, os momentos no telhado. Tudo.

Kiss me hardOnde histórias criam vida. Descubra agora