Cousins?

62 3 0
                                    

A semana passou rastejando e eu e Cameron não nos falávamos, apenas o normal como "bom dia" e coisas do tipo, mas não era a mesma coisa de antes. Achei infantil da parte dele, mas também da minha por querer apagar o que fizemos.

Estava sendo chata aquela situação, iríamos ficar um bom tempo sem aula e toda vez que saíamos com os meninos, não nos falávamos mais.

Eu estava esgotada, eu sentia a falta dele, eu sentia falta do seu sorriso, do seu toque, da sua risada, da sua voz se dirigindo a mim, eu sentia falta de conversar com ele, de rir com ele.

— Lauren, tá tudo bem? – estávamos na praia e eu estava sentada na areia. Os meninos estavam no mar e outros na areia tirando umas fotos. Eu estava ali, observando o mar. Matt chegou e me pegou desprevenida, eu estava pensando em tanta coisa, mas em apenas uma pessoa.

— Tá, Matt... – ele se sentou ao meu lado e ficou olhando pra mim enquanto eu fitava o mar.

— Olha, me desculpa por aquele dia na festa, eu não deveria ter bebido tanto... Não to colocando a culpa na bebida, eu fui um babaca.

— Tudo bem, você não teve culpa. – sorri sem jeito.

— Lauren... – ele virou meu rosto em direção ao meu e olhou firme em meus olhos. – Tá tudo bem mesmo?

Mordi meu lábio inferior na tentativa de conter as lágrimas, mas eu sentia que elas estavam chegando.

— Eu posso te abraçar? – perguntei quase chorando. Ele imediatamente me abraçou e eu não aguentei, comecei a chorar.

Tudo estava demais pra mim, eu estava me sentindo sozinha como nunca havia me sentido. A única pessoa que eu tenho na minha vida é a minha avó, e agora que ela não está mais morando comigo, eu sinto um vazio no peito que nunca vai conseguir ser preenchido. O Cameron preenchia uma parte, ele me fez sorrir novamente, ele fez com que eu abrisse os olhos e eu vi que a vida é mais do que ficar no seu quarto assistindo televisão.

Tudo parecia tão difícil, tudo parecia estar desabando pra mim e eu só queria alguém pra me dizer "Ei, calma, vai ficar tudo bem, eu to aqui com você", e eu não tinha esse alguém. Nunca soube dos meus pais e não tenho nenhuma amiga, as pessoas não me entendem e acham que tudo é drama, mas se estivesse no meu lugar, com certeza entenderiam.

O Cameron... Ah, o Cameron... Ele colocou um sorriso na minha boca que eu nem sabia que existia. E cadê ele agora? Eu me sinto fraca, desprotegida, sozinha.

— Não fica assim, Lau, eu to aqui com você. – o Matt disse enquanto afagava meu cabelo. Me afastei um pouco dele e dei um sorrisinho. Ele enxugou uma lágrima que escapou e eu enxuguei as outras com um pouco de raiva.

— Odeio chorar. – eu disse quase gaguejando. Se tem uma coisa que eu odeio que aconteça quando eu choro é que eu fico gaguejando e com falta de ar.

Comecei a respirar pausadamente e fechei os olhos, tentando encontrar algum lugar de paz.

Abri os olhos novamente e vi que Matt me olhava me olhando preocupado.

— Hey. – ele disse segurando o rosto com as duas mãos. – Não fica assim, teu sorriso é tão lindo.

Acabei deixando escapar um sorriso e ele riu.

— Vem cá. – ele disse e me abraçou novamente. Dessa vez foi um abraço calmo, eu me senti bem, relaxada, foi bom.

CAMERON P.O.V.:

Eu estava tirando umas fotos com os meninos na praia praticamente deserta que estávamos e quando olhei pro lado, avistei o Matt abraçado com a Lauren.

Legal, ótimo, interessante.

Não fiquei com ciúmes, apenas com um aperto em algum órgão debaixo do peito que prefiro não dizer o nome.

— Cameron, a foto! – o Carter disse dando uma tapa na minha cabeça.

— Já vai, já vai. – falei e fui tirar a foto com eles.

Depois de um tempo sem fazer absolutamente nada naquela praia vazia a não ser zoar, eu já estava cansado e resolvi me sentar e observar o mar.

Não entendi o porquê da Lauren ter falado aquilo, não entendi por que ela quis que eu esquecesse tudo. Será que é pelo fato de nós sermos primos?

Peguei meu celular e liguei pro meu pai, ele demorou um pouco, mas atendeu.

— Oi filho, como estão as coisas por aí?

— Estão ótimas, pai, e por aí no trabalho? A mamãe tá bem? E a Sierra?

— Está tudo ótimo, a Sierra disse que quer morar aqui no Brasil, acho que depois desse intercâmbio ela não vai mais querer voltar. – Eu ri e acho que ele percebeu que eu queria pedir algo.

— Tá tudo bem, filho? – meus pais trabalhavam numa empresa de investigação, eram como espiões, só que mais sofisticados, aproveitei a oportunidade e decidi arriscar.

— Pai, será que teria como o senhor pesquisar algo pra mim? Sei que o senhor está muito ocupado nesse caso junto com a mamãe, mas... – ele trabalhava num caso secreto que nunca me contou. Ele me interrompeu.

— Pode falar, filho, eu faço o possível!

— Então... Sabe a Lauren?

— A sua prima? Sei, sei, o que tem ela?

— Eu queria saber se ela é, realmente, a minha prima. – meu pai ficou em silêncio por uns segundos. – Pai?

— Oi, oi, to aqui.

— Então, o que o senhor me diz?

— Filho, eu não poderia te falar isso porque é muito secreto, mas... Eu estou no Brasil justamente pra isso.

— O que? Como assim? Vocês foram pra aí só pra saber se uma garota é sobrinha de vocês?

— É mais complicado do que você pensa, tem muita coisa envolvida, mas nós já sabemos que ela não é nossa sobrinha.

Nessa hora ele continuou a falar mas eu parei de escutar quando ele disse "ela não é nossa sobrinha.". Como assim? Então... Nós não somos primos? Nós podemos...

— Alô? Filho?

— Oi, oi, eu, aqui, câmbio. – meu pai riu e voltou a falar.

— É muito complexo, filho, e é um assunto muito sério, mas não posso falar mais nada pois ainda estamos investigando.

— Tudo bem, pai, eu entendo. Obrigado mesmo assim.

— De nada, filho, to com saudades, manda um beijo pra Leslie.

Escutei um "Beijo, filhooo!" e com certeza seria da minha mãe.

— Mando sim, pode deixar, e manda um beijo pra mamãe também.

— Ok, filho, até mais.

— Até, pai. – desliguei o celular e um sorriso brotou no meu rosto. Deu vontade de correr até a Lauren e agarrá-la pra nunca mais soltar, vontade de beijá-la até perder o fôlego, podendo dizer que não somos primos.

Mas... Ela saberia que sua avó não era de sangue e isso a machucaria.

Eu não sabia o que fazer, eu sabia o que fazer, eu queria fazer, mas ao mesmo tempo não queria. Era confuso, que nem os meus sentimentos em relação a ela.

Kiss me hardOnde histórias criam vida. Descubra agora