Hey, cousin.

135 9 0
                                    

A primeira semana de aula na faculdade iria ser um pouco diferente; os dormitórios ainda não estavam disponíveis, então cada aluno teria que passar o resto do dia na sua própria casa.

Bom, o meu caso é diferente... Minha avó foi encaminhada pela manhã e um funcionário do meu tio veio buscar minhas coisas enquanto eu ia pra faculdade.

Nunca pensei que fosse me formar e chegar aonde eu sempre sonhei. Não que eu não tivesse me esforçado no colégio ou algo do tipo, mas nunca tive confiança em mim mesma. Cheguei à área externa faculdade e uma sensação estranha tomou conta de mim, toda a minha vida passou pela minha mente e eu me senti feliz, realizada.

Eu ficava incomodada quando as pessoas olhavam para mim e pareciam fazer comentários uns com os outros, e não era um sentimento de raiva, e sim de desconfiança, como se eu não fosse interessante o suficiente pra chamar atenção de alguém.

Continuei andando por uma área da faculdade – que era cercada por uma grama verde bem cuidada, árvores, flores e uns bancos; era um lugar lindo para relaxar e conversar – enquanto escutava uma música calma no meu celular, na tentativa de diminuir a ansiedade que gritava dentro do meu peito. Entrei na faculdade e me deparei com um corredor longo com várias pessoas andando afoitas. Olhei para o meu relógio e vi que estava perto das oito da manhã, já iria tocar pra primeira aula, foi então que me apressei até a minha sala – estava escrito num papel da matrícula os horários das aulas e o número das salas – que era a de número onze, logo me sentando na última cadeira, a fim de chamar pouca atenção por ser a novata.

As pessoas foram entrando conforme o tempo passava e o sinal tocou para a aula começar, mas o professor ainda não tinha chegado. Notei um grupinho de meninos entrando na sala e rindo de algo; não prestei atenção no rosto de cada um, acho que eram uns dez. Depois de alguns minutos, o professor chegou e foi pedindo desculpas pelo atraso, logo começando a aula.

Os garotos que tinham entrado rindo na sala não paravam de cochichar e rir, ainda bem que eu estava no fundo da sala e não seria o motivo da piada porque não tinham me visto. O professor chamou a atenção de todos e disse que se eles voltassem a conversar, seriam expulsos da sala.

Eu não estava na sala, meu corpo poderia estar, mas minha mente estava na minha avó. Será que ela está bem? Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei batidas na porta seguidos por um pedido de "com licença". Um menino entrou na sala todo melado de farinha, ovo e só Deus sabe o que mais tinha pelo seu corpo, ele ainda estava sem camisa e com um pano branco no seu pescoço que mais parecia uma venda, seu rosto estava tão sujo que mal dava pra ver como ele era. Automaticamente, todos da sala começaram a rir e eu não pude conter a risada, eu nunca tinha visto uma cena tão engraçada. Tapei a boca enquanto ria e tentava rir baixo pra não atrair a atenção de alguém, vulgo, professor, mas ele também estava rindo.

— E você é o...? – o professor perguntou tentando conter o riso.

— Cameron. – ele disse sério e fitou com raiva os meninos que estavam rindo.

— Bom, Cameron, eu sinto muito, mas você não pode assistir aula nesse estado.

— Não foi culpa minha isso ter acontecido, não tenho culpa de ter amigos com mentalidade de dez anos de idade. – ele trincou o maxilar na direção dos meninos, que riam cada vez mais.

— Falou o mais certo do grupo. – um dos meninos falou rindo e notei que seus olhos eram tão azuis quanto um cristal. Nesse momento, o professor parou de rir e ficou sério.

— Por favor, eu peço que se retire. – o garoto, com a cara emburrada por trás da farinha, apenas assentiu com a cabeça e saiu da sala. – Qual foi a necessidade disso, garotos?

Kiss me hardOnde histórias criam vida. Descubra agora