Passado alguns meses, Jack já estava adaptado. Na escola, pela manhã, estudava matérias comuns e pela tarde se dedicava a controlar melhor suas emoções e poderes. As aulas com os professores Marcos e Renê ajudavam tanto Jack como os outros alunos. Em algumas aulas, Renê ficava invisível, provocando Jack, enquanto Marcos estava lá para ser o escudo que receberia a carga do poder.
No início foi difícil para o garoto ouvir certos comandos e utilizar suas habilidades com sabedoria. Muitas vezes usava força demais nos golpes, principalmente com os elementos que não tinha tanta afinidade, como o água e a fogo.
Além das aulas, Matheus e Jack tinham espaço para treinar em casa. Inicialmente os pais não gostaram da ideia, mas com o tempo perceberam que ambos estavam levando as aulas com seriedade e logo cederam. Não sabiam qual motivo os guiava, se a vontade de ficar mais forte ou se a rivalidade típica entre irmão; mas sabiam que o avanço de ambos era perceptível durante as lutas. Ambos evoluíram gradativamente. Em um dos treinamentos, os dois conseguiram se anular e mesmo cansados não se entregaram.
- Não esperava que tivesse controlado o fogo com tão pouco tempo. (Disse Matheus com respiração acelerada, cansado e sem baixar a guarda).
- Essa sua absorção é uma bosta. (Respondeu Jack tão exausto quanto).
Matheus riu.
- Tinha que ter algo que parasse você.
Dito isso, ele correu com grande velocidade em direção à Jack, que tentou indentificar a massa de ar que havia se formado ao redor de Matheus e assim prever o movimento. Ele notou que um soco tinha sido deferido pela direita e logo levantou um escudo de terra para se proteger. O soco metalizado de Matheus transpassou a terra e por pouco quase acertou Jack, que desviou saltando para direita. Depois de anos de experiência lutando contra o irmão, Matheus sabia que pra vencer, não poderia perder tempo, e com isso preparou um chute frontal seguido. Jack usou o ar para diminuir a velocidade do golpe e segurou a perna de seu adversário mas esse foi seu erro.
Quando Jack percebeu já era tarde; a mão que segurava a perna do irmão estava presa à uma superfície mole e grudenta. Matheus aproveitou a surpresa e acertou um golpe forte no rosto de Jack, que caiu e teve o braço solto em seguida. Ainda de pé observou se o irmão tinha chance de continuar, como não viu movimento nenhum, baixou a guarda. Foi nesse momento que um pilar de rochas saiu do chão, em frente a Matheus, atingindo-o em cheio no queixo. Matheus caiu na hora e os dois ficaram no chão, deitados e exaustos.
- Se a gente não tivesse fortalecendo o corpo na escola e fora dela, esses golpes poderiam mesmo nos parar. (Falou Jack com a mão no rosto e olhando o irmão de lado).
- Eu achei que tinha te apagado. Burro! Pra que baixei minha guarda? (Respondeu Matheus irritado).
- Não acredito que você transformou sua perna em chiclete, que nojento! Quando fez isso? (Questionou Jack).
Matheus levantou e estendeu a mão para o irmão. Quando os dois estavam de pé, o garoto respondeu:
- Antes de começar o treino eu estava mascando chiclete, grudei ele no céu da boca pra usar na hora certa. O metal é uma bolinha que guardei no meu bolso e o tecido, foi minha roupa. Mas vem mais surpresa por aí.
- Não tem como usar tudo de nós agora. Não temos espaço ou equipamentos. Sem falar que aqui não tem ninguém que possa curar os ferimentos da gente como na escola. (Disse o irmão).
- Os médicos da escola são realmente bons. Já os vi consertarem ossos quebrados em minutos. (Falou Matheus).
- A habilidade deles com certeza é mais útil que a nossa para a sociedade. (Jack disse enquanto pegava uma toalha) Seria bem legal mesmo ter esse poder.
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Heróis.
FantasyPara um mundo onde habilidades especiais, perigos e caos são atividades comuns; ser heróico nem sempre é sinônimo de subordinação, disciplina e afeição. As vezes, a necessidade de ser útil no combate ao inimigo e a personalidade forte de alguns heró...