Capítulo 39

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I like me better when I'm with you

Lauv,
I like me better.

     - Lembra da minha lista de desejos? - Mino pergunta, pensativo, olhando para um ponto fixo no horizonte da cidade.

     Dou um gole na garrafa d'água que trouxe comigo para o terraço do meu prédio e assinto positivamente.

     - Você me falou alguns dos seus desejos meses atrás - constato e batuco o indicador no queixo, buscando na memória suas palavras deste dia, quando estávamos aqui também.

     - Já cruzei alguns itens dela. Estou louco para te mostrar tudo - diz com um sorriso fraco estampado na face -, mas ainda falta muita coisa. - Ele suspira com pesar logo depois, parece desapontado ao final da frase.

     - Ya! - toco seu ombro, fazendo-o olhar para mim, e sorrio de maneira reconfortante -, ainda temos muuuito tempo - arrasto a voz e prolongo a palavra 'muito'. - Vou fazer questão de que realize cada um deles.

     Seu olhar, agora sério, me avalia, cada detalhe do meu rosto não escapa da sua vistoria detalhada, como um scanner. Ele parece ser um estranho que acabou de me conhecer e está tentando lembrar do meu rosto. Eu espero de maneira paciente, mantendo meu sorriso motivador e dizendo silenciosamente que vou ajudá-lo a concluir a lista, até ele pigarrear e tocar a ponta do meu nariz.

     - Já está ajudando, boba - sorri por fim e volta a olhar para o horizonte. - Às vezes, mesmo sem notar, você já está riscando um desejo dessa lista.

     - Deveríamos fazer algo em relação à ela hoje - proponho, esticando os pés a frente do corpo e curvando o tronco, sem postura, numa posição relaxada. - Estamos sem fazer nada mesmo. - Dou de ombros.

     - Como assim sem fazer nada? - Mino questiona, pondo a mão no peito, indignado. - Esse terraço se tornou meu lugar favorito para pensar e refletir sobre a vida. Se eu morasse nesse prédio, com certeza dormiria aqui todas as noites.

     Solto uma risada e curvo um pouco a cabeça para trás.

     - Você praticamente está morando aqui, Mino - acuso com o indicador apontado para si. - Só não percebeu isso ainda. Seus pais devem estar morrendo de desgosto.

     Ele abre um sorriso divertido e olha para o céu de final de tarde - com poucas nuvens e pintado nas cores laranja e rosa -, respirando fundo em seguida.

     - Tem razão. Meus pais estão tão desolados que agora põem a culpa em você, sabia? - Arregalo os olhos e inclino a cabeça para o lado, fixando toda atenção nele. - Todos os dias eles dizem: quem é essa garota que tira nosso filho do âmbito familiar? Que ela nunca ponha os pés nessa casa!

     - Omo! - Deixo escapar, surpresa, interrompendo seu discurso feito usando uma voz feminina irritada - provavelmente imitando sua mãe. - Eles dizem isso de mim? - Curvo as pontas dos lábios para baixo e abaixo a cabeça. - Então nunca irei conhecê-los.

     Mino faz suspense por segundos até cair na risada e me puxar para um abraço apertado e inesperado.

     - Jamais deixaria eles falarem isso de você, boba - diz, respirando contra meus cabelos soltos enquanto eu aproveito do seu toque, paralisada, com as mãos pairando no ar, ainda sem reação.

     Mino cheira muito bem. Eu já tinha percebido isso a muito tempo, mas ainda assim, é um cheiro bom que me deixa embriagada da melhor forma possível todas as vezes, como se fosse a primeira. Só o cheiro do Mino me deixa quente e de coração saltitante e alegre.

Body | MinoOnde histórias criam vida. Descubra agora