Epílogo

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Meses depois...

     - Tem certeza que não quer ir conosco, filha? - mamãe insiste pela milésima vez, me acompanhando de um lado para o outro enquanto organizo algumas roupas dentro do guarda-roupa. - Você estava tão animada para ir...

     - Não gostamos dá ideia de deixar você aqui desta vez - papai surge atrás da esposa e a abraça por trás. - Apenas desta vez, vamos conosco - pede, quase suplicando.

     Sorrio para eles, reconhecendo com carinho as tentativas de tentar me convencer a viajar com eles. Embora não vá funcionar.

     Sei por que eles estão insistindo tanto no assunto. É o mesmo motivo pelo qual ainda sou tratada como uma boneca de vidro na universidade, desde que voltei. As pessoas evitam tocar no assunto nos corredores ou quando falam comigo, evitam mencionar o nome dele, como se eu fosse desmanchar em lágrimas toda vez que ouvisse. Até mesmo a Solar evitou falar sobre, nós apenas resistimos esses meses falando do desenrolar do seu relacionamento ou qualquer outra coisa.

     Não recebi os devidos pêsames pela perda por medo da minha reação, afinal, segundo as justificativas, sou muito nova e pressionada pela faculdade para ser lembrada desta dor nas conversas. Não que eu desejasse receber os pêsames de estranhos, mas a ideia de que eles acham que podem apagar o Mino de mim ao não mencioná-lo me deixa com raiva. Nem mesmo tiveram o trabalho de fazer um memorial para ele por algumas semanas. Tentaram a todo custo... apagá-lo. O recesso não poderia ter vindo num melhor momento, já não aguentava mais os olhares cuidadosos sobre mim.

     De qualquer forma, confesso, eu tive o meu momento de luto. Chorei por dias naquela casa de praia, até mesmo a mãe do Mino - que não teve uma despedida apropriada - compadeceu da minha dor. Fiquei dias trancafiada lá, saí apenas para o velório, onde fiz questão de discursar sobre ele, sobre nós.

     Algumas pessoas viram aquilo como um amor jovem que logo passaria. Alguns apostavam que dentro de um mês estaria apaixonada por outra pessoa. Mas, mesmo assim, fiz questão de erguer a cabeça e falar tudo que tinha preparado. Acreditando ou não, só eu sabia o quanto Mino significou - e ainda significa - para mim, o quanto eu havia amadurecido durante todo o tempo que compartilhei ao seu lado.

     Enfim, eu passei pelo luto. E esperava chegar na universidade com as lágrimas secas, pronta para aceitar qualquer memória, qualquer... qualquer coisa que as pessoas de lá compartilharam com meu amor. Porém, me decepcionei com o tratamento, com a falta de demonstração do quanto ele foi importante não só para mim.

     Nem mesmo Jisoo quis tocar no assunto, embora eu o tenha pressionado para parar de me cercar e me tratar como uma boneca frágil, certo dia na cafeteria.

     Assim como eles, meus pais também estão pensando que a qualquer momento irei quebrar e fazer alguma loucura. Mas... De verdade, estou vivendo um dia de cada vez.

     Se dói? É claro que sim. Mas, quando sinto que não posso aguentar mais, eu paro, respiro fundo e agarro o colar que ele me deu. Então, automaticamente, penso em tudo bom que vivemos, nos momento felizes, no seu sorriso e nos seus olhos - aqueles olhos tão brilhantes, cheios de vida mesmo no último suspiro de vida. É dessa forma que eu consigo passar, dia após dia, sem me afogar em algum vício ou cair no desespero.

     Ainda assim, não consegui fazer as pessoas entenderem isso. Mino estaria de coração partido se visse que ele é o motivo das minhas lágrimas - como disse no nosso último dia juntos -, por isso as evito ao máximo.

     Termino de organizar as roupas leves no guarda-roupa. Até minutos atrás eu iria fugir para um lugar bem longe com meus pais, mas mudei de ideia. Tenho um lugar melhor para ir.

Body | MinoOnde histórias criam vida. Descubra agora