Capítulo 55

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In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the one that got away

Katy Perry,
The one that got away.

     Entro na lojinha de conveniência pisando fundo. O sino na entrada toca com força, anunciando minha chegada, assim como a porta é levada para trás com rudeza. Acabo chamando a atenção da atendente atrás do balcão, aparentemente ela estava quase dormindo sobre o balcão da loja vazia, de frente à uma TV ligada em um canal aleatório. Mas estou nervosa demais para me importar com isso.

     Preciso de algo para me entreter, não quero voltar a chorar e remoer a discussão que tive mais uma vez. Diante da nossa situação, eu só quero esfriar a  cabeça e esquecer isso para voltar para seus braços. Quero perdoá-lo e quero ser perdoada também.

     A loja que achei enquanto vagava por aí fica ao lado de um posto de gasolina. Na frente, há um letreiro neon meio torto brilhando na cor azul, me convidando a comer qualquer porcaria para me distrair dos problemas com Mino. Depois de passar minutos vagando pela praia vendo o sol se pôr completamente até decidir subir para a pista e andar pelo bairro, achar essa loja é minha melhor opção de distração. Embora, ao entrar no lugar, tenha me decepcionado ainda mais com a decoração do local. Simplesmente não combina comigo, e de repente eu me lembro da loja do Jinwoo e como sentia falta da comida industrial de lá - sei que posso encontrar em qualquer outro lugar, mas o ambiente também chamava minha atenção.

     A lojinha de conveniência possui exatamente três fileiras cheias de produtos. Deve ter uma variedade escassa, mas quando identifico a fileira que contém comidas nada saudáveis, vou direto para ela.

     Cato salgadinhos e doces que conheço, lámen e vou até um freezer disposto no canto da parede e pego uma garrafa de soju. Vou até o caixa e despejo tudo sobre o balcão. A mulher, que antes me olhava entediada demais para ligar para minha existência, me olha abismada com a quantidade de coisa, finalmente expressando uma outra emoção.

     - Deve estar com fome, hein? - Murmura, a voz rouca, pegando produto por produto e passando a máquina no código de barra.

     Me limito a sorrir fechado - e sinceramente, de maneira forçada - e batucar os dedos no balcão de madeira, numa forma de apressá-la. O plano é o seguinte: comer tudo - até porque não desperdiçaria toda essa comida -, andar de volta para casa pegando o caminho mais longo e torcer que o Mino ainda esteja acordado para conversarmos. Se não estiver - o que, implicitamente, é o que espero -, terei mais tempo para ensaiar meu pedido de desculpas até amanhã.

     - E pelo visto está de mau humor também - a mulher completa, mascando o chiclete entre os dentes de maneira bem irritante e aparente desta vez. Consigo sentir o cheiro de cigarro daqui. Pergunto-me se foi escolha dela parar a vida atrás de um balcão de uma loja tão pequena na encosta da pista e mais afastada da cidade em si.

     - Só... - suspiro, contendo as palavras que estavam prestes a sair pela boca. A última coisa que quero é descarregar a frustração dentro de mim sobre alguém, ainda mais alguém desconhecido. - Por favor, só me diz quanto custa tudo.

     A mulher me encara por alguns segundos, com uma sobreancelha levemente erguida, para depois voltar a passar os produtos na máquina. Enquanto isso, procuro olhar para todos os cantos da parede atrás dela, menos para ela. Quando termina, esta me diz o valor e eu automaticamente levo a mão ao bolso do short, a procura da minha carteira.

     É quando não acho o que procuro. É quando me dou conta de que havia saído nas pressas, e havia esquecido minha carteira na casa.

     - Droga! - Resmungo, batendo o punho cerrado no balcão por impulso.

Body | MinoOnde histórias criam vida. Descubra agora