Capítulo 45

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Cause there'll be no sunlight
If I lose you, baby
There'll be no clear skies
If I lose you, baby
Just like the clouds, my eyes will do the same
If you walk away
Everyday it will rain, rain, rain

Bruno Mars,
It will rain.

Desço as escadas passo a passo, cautelosa, carregando todos meus pertences. O silêncio é ensurdecedor e agoniante, de repente, me sinto jogada na solidão e tristeza que essas paredes transmitem. Minha garganta fecha só de pensar que eu imaginava essa casa decorada com cores tão frias animada durante o resto da semana.

Estava errada. Muito errada.

Atravesso a sala na ponta dos pés com rapidez e chego no terraço em poucos minutos. Não sei exatamente onde Mino se escondeu, mas duvido que pretende sair desse lugar para me ver partir.

Ele foi bem claro quando disse que não me amava. Passei a noite encarando o teto, tentando acreditar que as palavras eram pura mentira, mas algo no seu olhar... ele parecia determinado a não me amar da forma que eu o faço há um bom tempo. Embora transmitisse dor e ressentimento também, ele parecia determinado a me manter longe, por isso é o que farei.

Seu pedido será atendido.

Engulo em seco e limpo uma lágrima solitária que escorre pela minha bochecha.

O dia amanheceu chovendo. Irônico, não? Irônico como cada mínima coisa está representado o vazio no meu peito.

As gotas pesadas da chuva são carregadas com o vento em direção ao terraço, parte delas batendo diretamente no meu corpo, mas eu não me afasto. Deixo elas se misturarem com minhas lágrimas - que agora escorrem com mais facilidade - e a tristeza dentro de mim.

Após alguns minutos soluçando, escuto o ranger lento da porta da frente e eu automaticamente paraliso e prendo a respiração. Levanto a cabeça e encaro o jardim da casa, tendo completa noção de quem está bem atrás de mim. Fiz questão de trancar a porta, então só pode ser ele.

Mordo o lábio inferior e fecho os olhos com força, segurando as lágrimas.

Mino não diz nada pelos segundos seguintes. Na verdade, ele não diz absolutamente nada durante o pouco tempo que passou no mesmo espaço que eu, pois, logo depois, escuto a porta bater novamente e eu automaticamente sei que sua presença não se encontra mais ali.

Desato a chorar, dessa vez com mais violência e agonia. Meu peito sobe e desce numa maior rapidez. O ar se torna denso, escasso, justo quando mais preciso.

Ponho a mão no coração e arfo, inclinando meu corpo para frente e deixando as lágrimas caírem diretamente dos meus olhos para o chão de madeira. Não queria ser tão fraca a esse ponto, queria sorrir e sair de cabeça erguida, sem derramar uma lágrima por ele, mas é como costumo sentir as coisas: ao máximo.

Quando me atrevo a olhar para trás, encontro um guarda-chuva preto próximo a porta e uma carta apoiada ao seu lado.

Me aproximo com relutância e, com a mão trêmula, pego o envelope e levo à um alcance bom de leitura.

Na frente, diz o básico: que a carta é dele para mim. E, o curioso, é que embaixo ele põe uma data não muito próxima da que estamos, três meses depois para ser mais exata, e pede que eu abra apenas a partir dessa data.

Umedeço os lábios e pondero sobre o que fazer com aquela carta. A mágoa e, de certa forma, um pouco de rancor que guardo no coração me diz para rasgá-la bem aqui e deixar que mais tarde ele veja o quanto eu estou decidida a esquecê-lo. Mas a outra parte, a que quer preservar um pouco dos bons momentos, me diz para guardá-la e obedecer as instruções.

Body | MinoOnde histórias criam vida. Descubra agora