Capítulo 47

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두 눈을 지그시 감고
흐르는 이 눈물에
우리 추억 모두 담아 보낸다

Taehyun,
I'm Young.

Mino

     É final de tarde. A luz do sol parcialmente bloqueado pelas nuvens bate no meu rosto e esquenta minha pele pálida que sofre das lufadas de vento frias.

     Jogo uma pedrinha sobre a superfície da água e ela salta três vezes antes de cair e sumir do meu campo de vista na imensidão do lago ao lado da casa de campo, onde eu deixo os pés imersos na água gelada da beirada e assisto as pedras que lanço afundarem.

     Afundar.

     Sempre achei uma palavra interessante. Segundo o dicionário, ela significa naufragar, ir ou fazer ir ao fundo.

     E é exatamente onde me encontro nesse momento, sinto-me como um barco defeituoso em alto mar, esperando apenas a água invadir-me por completo e levar-me abaixo.

     Vivo nesse constante sufoco há exato um ano. Hoje teria sido um bom dia para contar a ela a verdade, estava juntando forças para isso. Mas pensando bem, talvez seja melhor fazê-la me odiar o máximo possível, ao invés de arrastá-la junto a mim neste navio danificado, que nunca chegará em terra firme.

     Não lembro muitos detalhes daquele dia, exceto pelo cheiro do hospital e a comida ruim servida pelos enfermeiros. Lembro que eu desejei comer a comida do restaurante em que a levei poucos dias atrás, mas uma enfermeira me disse que eu precisava de comida saudável (e com gosto de remédio, para ser sincero).

     Foi ali o começo do meu inferno pessoal.

     Um simples desmaio, uma simples fraqueza, é o que todos pensaram ser, mas que depois de alguns exames, transformou-se em algo muito maior.

     Maior e sem cura, aparentemente: o câncer.

     Todos com quem me importava estavam lá, inclusive a Yerin. Lembro-me perfeitamente bem de quando ela entrou em choque ao ouvir a notícia e pediu para sair da sala segundos depois, ela estava muito surpresa e mal conseguia me encarar.

     Meus pais não quiseram acreditar nas palavras do médico quando elas pairaram no ar e o silêncio se instalou. Eles estavam prontos apenas para me buscar e me largar dentro da casa tão bonita e grande que eles construíram com suor e lágrimas - eles sempre faziam questão de me lembrar disso, como se eu tivesse que valorizar esse fato e ignorar a ausência deles na própria casa -, tanto que fingiam prestar atenção nas palavras dos profissionais enquanto mandavam mensagens de texto para seus sócios ou subordinados, provavelmente.

     A notícia foi a única coisa que chamou a atenção dos dois. Foi a primeira vez em anos que tive aquela atenção toda. Eles fizeram várias perguntas ao médico e tentaram entender como um garoto saudável e que sempre teve o melhor ao alcance das mãos estava doente.

     Eu, por outro lado, estava paralisado, preso em outro mundo. Não conseguia dizer nada, mas apenas sentia o medo e a angústia crescendo dentro de mim. Bloqueei minha audição para aquela conversa e repetia a notícia dada pelo médico num looping sem fim.

     Morte.

     Foi a primeira conclusão que eu cheguei daquela situação. O médico havia dito que a doença já estava muito avançada, a leucemia já havia feito do meu corpo sua casa.

     Haviam remotas chances de cura caso eu me submetesse aos tratamentos pesados que, dentre todos de difícil memorização, havia a quimioterapia - o mais conhecido.

Body | MinoOnde histórias criam vida. Descubra agora