De salto no asfalto (Concluído).

Cap. 59

Grazi

Fomos juntos ao aeroporto, mas infelizmente voltaremos em vôos separados, quando o Fê veio ele não conseguiu mais reservar para o mesmo horário que o meu, de qualquer forma vamos ver o que conseguimos lá no aeroporto.

Aproveito pra ligar pra minha mãe, já aviso o horário da minha chegada, ela fica toda feliz. Não vejo a hora de dar os presentes que comprei pra ela aqui.

Vamos agarradinhos no táxi, passado o momento "ciúme tosco", o que foi esse homem aparecer aqui de surpresa.. gente como ele pode ser tão maravilhoso?!

Vamos no caminho já fazendo planos para nossa casa nova, minhas férias da faculdade tb já estão chegando ao fim, então preciso pedir transferência para São Paulo, mas tomei uma nova decisão, para conseguir me dividir entre estudo, esposa do "Roque" e os orgânicos, vou mudar meu curso para uma Faculdade de ensino a distância, eu preciso acompanhar o cowboy em algumas viagens e preciso ter disponibilidade para ir e vir a Ribeirão a qualquer momento.

Chegamos ao aeroporto, a Melissa intérprete já tinha ido embora anteontem, então o Fernando terá que arrasar no seu espanhol para ver o que consegue fazer para irmos embora juntos, o meu vôo é antes do ele 3hs, o pobre vai tomar um chá de cadeira neste aeroporto e depois eu lá esperando por ele.

Depois de muita conversa finalmente deu certo, vamos tomar o chá de cadeira juntos, houve desistência no vôo dele, então vou com ele. Um saco né, poderia ter sido no meu 3hs aqui sem ter nada pra fazer vai ser tenso. 

Comemos, fizemos mais compras nessas lojinhas ridiculamente caras dentro do aeroporto, comemos de novo, cansamos de esperar, mesmo assim esperamos mais um pouco até que finalmente chegou a hora de voltar pra casa e começarmos juntos uma vida nova. Vida de casados!!!

Metade da viagem passamos dormindo e a outra animadíssimos, ansiosos,  mudança dele já tá ok, só faltam as minhas coisas agora. Então vamos direto pro interior buscar minhas tralhas que devem caber nos nossos carros.

Apesar da animação, vai doer sair da casa dos meus pais, sou muito ligada a eles, e não vou estar na casa ali do lado né, não vai ser fácil ficar longe dos meus velhinhos.

Finalmente em solo Brasileiro, ligamos os celular enquanto esperávamos a bagagem. Nossos telefone não pararam de apitar, várias ligações perdidas e muitas mensagens todas das nossas famílias. Minhas pernas já começam a tremer, será que aconteceu alguma coisas com os meus pais ou com os pais do Fê? Imediatamente já retomamos as chamadas:

- Alô mãe? O que aconteceu, tinha um monte de ligação da Sra pra mim.

Antes de terminar a frase, escuto o choro da minha mãe, choro não, ela estava aos prantos, nem conseguia me responder. Sabe quando sua barriga dá um nó que vc quase se borra? Foi isso que eu senti na hora. Então ela começou a falar.

- Graças a Deus, graças a Deus. Cadê o Fernando?

- Tá aqui do meu lado, ligando pra mãe dele. Por quê???

- Filha você não ia chegar mais cedo?

- Ia mãe, mas troquei para um vôo depois para conseguir vir junto do Fê. Pelo amor de Deus o que houve a Sra tá me deixando nervosa.

- Minha filha o avião que você ia vir caiu.

Nossa naquele momento, meu estômago chegou a embrulhar. Congelei.

- Não me diz uma coisa desta mãe.

- Filha, no meio do caminho, tem umas 8hs que nós estávamos achando que vocês estivessem mortos. Como o Fernando também não estava atendendo, pensamos que vocês estivessem juntos.

- Mãezinha, estamos vivos, estamos bem!!

Escuto ela chorando tudo de novo. Meu pai pega o celular:

- Fia, vem logo pra casa, seu pai precisa botar o olho em você.

- Paiii, vai pro aeroporto de Ribeirão, nós íamos de carro, mas vou falar aqui com o Fernando, vamos tentar ir de helicóptero.

Quando olho pro Fernando ele tb já está chorando. Nos abraçamos assim que desligamos os celulares e naquele momento o silêncio nos dominou, acho que ambos estavam fazendo uma prece de gratidão e pedindo consolo a todas famílias que estavam vivendo o mesmo sofrimento que os nossos pais haviam sentido nas últimas horas.