Cap. 5

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Grazi

Aquilo tudo é surreal pra mim, num minuto estou desesperada sem saber o que fazer. Literalmente de salto no asfalto.

No minuto seguinte vejo um ídolo nacional trocando o pneu do Bole Bole pra mim? Pior é que o cara foi tão legal, que agora serei obrigada a ser fã de um cantor sertanejo pelo menos. Nossa quando eu contar ninguém vai acreditar em mim.

Minhas mãos estavam sujas, meus cabelos presos num birote, se eu soubesse nem de salto teria ido, triste ver um sapato tão lindo, numa moça tão desajeitada.

Entrei no carro, me sentei atrás com a mãe do Roque, que sra fofa, história de vida tão parecida com a da minha mãe, ela que também é costureira, teve uma vida difícil.. me fez sonhar, será que um dia vou conseguir dar uma vida boa para minha família, assim como o filho dela conseguiu. A conversa foi tão agradável que quando notei já estávamos chegando lá, o Roque logo atrás de nós no outro carro, só o Bole Bole que perdemos de vista, talvez ele não tenha aguentado acompanhar a velocidade destes carrões aqui. Assim que descemos do carro, dou um longo abraço na dona Maria Amélia em agradecimento por toda ajuda, ela então se direciona ao filho:

- Fernando, a moça também precisa se recompor.

- A Sra está certa mãe. Graziela né? Fique conosco no meu camarim, você é nossa convidada de honra hoje. Se quiser é claro.

A mãe dele na hora diz:

- Fica filha, vai ser bom ter companhia para assistir ao show do Fernando.

- Claro. Até porquê preciso da chave do Bole Bole pra voltar pra casa mais tarde.

- Bole Bole?

- É o nome do meu carro, sei que está velhinho, mas foi presente do meu pai, então tenho muito amor por ele. O suor do meu velhinho tá todo ali.

- Isso mesmo filha, precisa valorizar o sacrifício dos pais. Vamos entrando então.

Percebo o Roque me observando, com um olhar atento, mas não foco muito nele para não me desconcertar, apenas sinto meu rosto queimar mais uma vez.

O tumulto é grande, flashes por todos os lados, logo estávamos todos cercados por vários homens vestidos de roupa preta, assim seguimos por um longo corredor. Ele então se vira pra mim e diz:

- Não se assuste, é sempre este tumulto assim mesmo.

Eu apenas aceno com a cabeça e logo chegamos ao camarim.

A dona Maria Amélia me mostra um banheiro para eu me arrumar e diante de toda aquela acolhida me sinto até um pouco culpada por tomar mais o tempo dele com perguntas que todos vão fazer igual. Saio do banheiro, agora com cabelo solto, maquiagem retocada e me deparo com uma moça muito alta, um corpo escultural pendurada no pescoço dele:

- Essa foi a moça que paramos para resgatar no meio da estrada.

- Prazer Jéssica.

Ela estende a mão por educação, mas a cara não mente.

- Prazer, Grazi.

Para minha salvação a mãe dele vem em meu resgate, dizendo que eu era ainda mais bonita com os cabelos soltos, me tirando da zona de fogo.

- Dona Maria Amélia, vocês foram tão bons pra mim hoje, que vou assistir o show e não vou entrevistar seu filho, não quero mais dar trabalho. Vou escrever sobre o que aconteceu na estrada e já será mais que suficiente.

- Imagina filha, você veio para trabalhar e assim fará.

Ficamos por ali, vários famosos chegando, eu não sabia para onde olhar. Quando algo chama a minha atenção bem mais que a Anita.

De salto no asfalto (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora