Cap. 65

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Ruan

Meu pai tem o hábito de dar uma fiscalizada em toda fazendo, fábrica ou frigorífico que fazemos negócios, eu nunca gostei muito da prática, me sinto um intruso fiscalizando o trabalho alheio, mas entendo a necessidade  de atuar assim. Temos uma marca a zelar e não podemos nos envolver com produtos de procedência duvidosa.

Apesar de morrer de preguiça deste tipo de visita surpresa, confesso que quando o Brasil foi o escolhido me senti animado. As mulheres brasileiras tem lá sua fama de bonitas e sensuais, mas quando conheci a Grazi achei ela mais que bonita, ela é linda!! Foge aquele estereótipo que temos notícia por aqui, mulherão, bundão, mas tem uma sorriso capaz de deixar qualquer homem de quatro.  Muito falante, simpática e sem aquela necessidade de ser atraente em tempo integral.. isso deixa ela maia sexy do que 99% das garotas que já conheci. Foi fácil simpatizar com ela.

Em sua visita na minha cidade, não tive a oportunidade de me despedir da forma como eu gostaria, ela é noiva, parece que o cara é famosinho no Brasil e não passou recibo. Ex questão de fazer o papel do garoto mimado assim que me conheceu, ceninha ridícula de ciúmes, pior o cara é velho pra este tipo de papelão.. deve ter o dobro da idade da Grazi. Ela merecia alguém melhor na vida dela, alguém como eu.

Enfim, partimos rumo ao Brasil, preciso nem falar que o meu maior interesse não era nas instalações da fazenda e sim reencontrar aquela garota cheia de planos e com um futuro brilhante que eu conheci.

Grazi

Seguimos em carreata em direção a produção dos orgânicos, Ruan e a equipe sempre muito profissionais, éticos até nas perguntas que faziam, mas como não se renderem aos encantos do meu pai e sogro?! Homens simples, mas muitos sábios, conhecimento que universidade nenhuma no mundo é capaz de dar.

Rodamos tudo, segui com eles para as demais instalações do local, todos se encantaram com a creche e com o refeitório, já está tudo quase pronto:

- Grazi, esse lugar é incrível, poucas vezes vimos um local tão organizado. Até a vila dos moradores é muito acima da média. Parabéns!

- O Fernando é muito caprichoso mesmo e faz questão de oferecer o melhor aos seus funcionários.

- O pai dele me disse que também existe gado de corte aqui.

- Sim, mas fica num local um pouco mais afastado. Se quiser levo vocês até lá.

- Também gostaria de conhecer, quem sabe não fechamos um novo negócio. Só vou dispensar os demais para almoçar e seguimos para lá. Tudo bem?

Feito isso seguimos em direção ao pasto, em nossa companhia apenas a intérprete deles, mas o Ruan me dava cada olhada que ainda que ele falasse grego eu entenderia suas intenções.

Só no trajeto até o pasto que percebo que esqueci o meu celular em algum lugar. Acho que foi no meu carro.

Mostrei todo pasto, expliquei como o abate era feito. Aproveitei para contar que trabalhamos com carnes kosher (ritual religioso de abate judaico), ele ficou interessadíssimo no assunto e disse que levaria ao seu pai.

Já era quase 15hs, então decidimos voltar, no caminho da volta falamos dos mais diversos assuntos, até que ele me pegou de surpresa:

- Grazi, os negócios eu já vi que vão de vento em polpa, mas me diz se é verdade o ditado "sorte no jogo, azar no amor"?

- Ruan, sorte em ambos.

- O que me trouxe aqui foi trabalho, mas confesso que fiquei muito satisfeito em poder te reencontrar mais uma vez.

- Gostei de te ver também.

Finjo não entender muito bem o que ele quer dizer com aquelas palavras e desconverso.

Chegando a sede, nos juntamos aos demais. Vou em busca do meu celular e várias ligações e mensagens do Fernando, certeza que alguém já avisou que o Rua está na área.

De salto no asfalto (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora