Cap. 4

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Roque

Tudo certo por aqui, organizamos um café da tarde pra equipe e seguiremos via terrestre até o local do show. O dia foi de trabalho intenso e a noite não será diferente, a vantagem é que vou dormir por aqui mesmo, até quarta nenhum show na agenda então quero aproveitar que meus pais estarão comigo para tirar estes dias de folga com eles.

A equipe está toda aqui, fazemos uma reunião rápida e ficamos jogando conversa fora o resto da tarde, gosto destes momentos com eles porquê no palco o contato todo é muito técnico e mal da tempo de conversar direito. ficamos tocando uma moda de viola, alguns ficarão por aqui até amanhã também, já outro casados com filhos preferem voltar para o aconchego de sua família. Fico me perguntando se algum dia serei eu o ansioso para voltar pra casa e encontrar crianças correndo, brinquedos espalhados pela casa e uma esposa para eu amar, mas enfim enquanto não encontro a mulher certa, vou me divertindo com as erradas mesmo.

Falando em errada, lá vem a Jéssica, um mulherão de quase 1,80mt, cabelos e olhos negros, minha bailarina. Companhia agradável, tem me distraído nas horas vagas, não é de todo ruim, mas é uma destas mulheres que sentem cheiro de dinheiro de longe. Pena ela seja tão ambiciosa, e eu como sou gato escaldado, morro de medo de água fria. Sou precavido, procuro manter inclusive os mesmos amigos dos tempo das vacas magras, infelizmente quando você passa por uma ascensão tão meteórica quanto foi a minha, fica difícil saber, quem sim, quem não e quem nunca.

Convido a Jéssica para tomar banho comigo, já está quase na hora de irmos para arena do rodeio, vou dar um trato na gata pra depois pegar no batente e assim o faço.

Bateria recarregada, seguimos em comitiva. No meu carro apenas meu irmão e meus pais. Logo atrás dois seguranças, tira minha privacidade, mas acaba sendo um mal necessário, e na sequência o ônibus com a equipe. Da fazenda até lá tem quase 1hs de estrada, não posso me atrasar, pois preciso receber os cantores convidados e atender a imprensa.

No meio da estrada, vejo uma moça, pequenininha, tenho dúvidas inclusive que ela tenha idade para dirigir, ela está de vestido e tentando trocar o pneu do carro sozinha, já está quase escurecendo e aquela cena me preocupa, peço para o meu irmão encostar no acostamento e os demais carros fazem o mesmo. Aviso o pessoal do ônibus para seguir, a bailarinas demoram mais para se arrumar e o pessoal precisa ir passando o som. Descemos eu, meu irmão Fabio e um segurança O José, caminhamos em direção a ela que parece apavorada coitada:

- Tarde. Precisa de ajuda?

Ela olha pra mim meio incrédula, faz uma cara engraçada e começa a rir.

- Boa tarde. Na verdade sim, estou desesperada, pois tenho que ir entrevistar justamente você e se eu me atrasar, não vou conseguir e ainda perco o meu emprego. Pior, aí que não vou conseguir fazer manutenção neste carro mesmo, e foi presente do meu pai, então minha obrigação..

- Moça, calma. Respira. Como é seu nome?

- Graziela. Desculpa.

- Relaxa, nós vamos te ajudar ok. Prazer meu nome é Fernando.

- Eu sei, eu pesquisei.

- Então abre o porta malas para eu pegar o estepe.

- É sério isso?

- Por que não seria?

Ela foi abrir o porta malas, a situação do carro era terrível, os 4 pneus carecas e o estepe também não era grande coisa.

- Graziela, você está correndo risco dirigindo este carro assim.

Noto que ela cora, mas não responde nada. Me lembrou um golzinho que eu tive anos atrás, a situação dele era tão ruim ou pior. Na verdade ainda tenho, hoje reformado, não me desfaço dele de forma alguma. Juntos trocamos aquele pneu em 5 minutos, meu pai também desceu e ficou ali com a gente. Assim que guardo o pneu furado, digo:

- Pronto!

- Nossa eu nem sei como agradecer, estou envergonhada por atrapalhar vocês desta forma.

- Não por isso, já troquei muito pneu nesta fica.

- Bom, então nos encontramos lá certo?

- Na verdade não acho uma boa ideia você seguir viagem com este carro assim.

- Este é o único carro que eu tenho, então..

- Então vamos fazer o seguinte. Você segue no meu carro com meu irmão e meus pais, eu vou no outro carro com meu segurança e José, você leva o carro da moça para mim ok?

- Não vai ser incômodo? Certeza?

- Claro que não. Agora vamos, pois tanto você quanto eu, ainda temos que defender o pão do dia.



De salto no asfalto (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora