Chapter Seven.

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ALICE


Esses dias eu andei pensando em paradoxo temporal. E, por algum motivo, me peguei pensando naquele vira-tempo que Hermione carregava para todo lado. Quem já assistiu Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, sabe do que eu estou falando e o que ele pode fazer. Para quem não assistiu, assista, você não sabe o que está perdendo! Mas eu estou falando disso, porque lembrei que quando eu era pequena, queria muito um colar daqueles. A possibilidade de viajar no tempo e fazer tudo que eu nunca pude fazer parecia até mágica. Não só parecia como era, não é?! E era exatamente isso que o vira-tempo fazia. Te trazia a possibilidade de viajar no tempo, reviver lembranças, ou fazer alterações.

O tanto que eu desejei aquilo quando era pequena, nem sei.

Queria tanto, tanto, que quando finalmente convenci meu pai a comprar o colar para mim, já comecei me decepcionando porque ele não rodava igual ao de Hermione, e segundo que ele não funcionava e pensei que estava quebrado. Aí eu joguei fora. Eu nem sei que fim levou esse colar, mas lembro que tinha uma coisa escrita nele: "Eu marco as horas para todos. Eu corro até mais que o sol. Minha utilidade e o meu valor para você, são definidos por aquilo que você terá que fazer".

Na época eu achava bonitinho, mas não fazia ideia do que queria dizer, parecia somente uma mensagem aleatória daquelas que a gente encontra no biscoito da sorte, quando pede comida chinesa. Acho até que foi esse um dos motivos para ter jogado o vira-tempo fora. Porque eu era metida a militante, e tinha mania de polemizar em prol de qualquer coisa, e em algum momento, lembro de ter pensado: eu não acredito que gastei meu dinheiro somente para aumentar o dinheiro dessa gente que pisa em cima da gente, usando dos nossos sonhos para vender frase de biscoito da sorte.

E o dinheiro nem era meu.

Hoje em dia eu já paro para pensar as coisas que eu faria se pudesse mexer em alguma coisinha do passado.

Nossa história, com certeza, seria uma delas.

— Eu não sei mais o que fazer da minha vida.

— O que foi, menina? — Angélica arrumava as roupas na mala, no momento em que me joguei na cama.

— Está tudo de cabeça para baixo, Angel. — resmunguei, afundando o rosto no travesseiro, notando minha voz sair abafada em seguida — Minha cabeça está uma bagunça.

— Tu está falando da Catarina?

— Viu? É tão previsível assim?

— Ô mulher, eu te conheço.

— Não sei... parece que eu estou afundada no meio de uma piscina de bolinha azul e rosa, e não sei de qual cor eu gosto mais.

Angélica uniu as sobrancelhas.

— Me diz que tu não está fazendo uma metáfora para bissexualidade.

— Não, é porque eu gosto das cores.

Ela veio se sentar ao meu lado da cama, deitando de barriga para cima, apoiando a cabeça também no travesseiro.

— Aconteceu alguma coisa ontem entre vocês?

— Não... — quase — Vocês chegaram na hora.

— Mas tu queria?

— Não! — respondi de pronto — Quer dizer, sim. Mas não.

— É não ou sim, mulher.

— Eu não posso, Angel. — respirei fundo, resmungando mais uma vez em seguida — Tu viu o quanto aquela menina lá vive atracada nela? Há quanto tempo será que elas não estão juntas? Eu não estou para me decepcionar com a Catarina de novo.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora