Sabe quando explode aquela saga de filmes de super-heróis, e aí de repente você se vê em alguma rodinha, com todo mundo bêbado, e do nada todo mundo está criando teorias sobre o tipo de super poder que queriam ter? O popular do meio da turma sempre quer ser o Batman porque acha que o Super homem já está "ultrapassado", já que "esse negócio de super poder não existe, então o mais real é o Batman, já que o poder dele é que ele é rico", sendo que todo mundo estava falando de poderes irreais mesmo, e é nessa hora que a tua mente trava, que nem a minha travou agora.
A referência maior de heroína feminina — JÁ ESCLARECENDO QUE NÃO ESTOU ESCOLHENDO LADOS ENTRE MUTANTES OU TELETUBBIES (é pura questão de pesquisa de mercado mesmo) — é a Mulher Maravilha. Gente, pelo amor de Deus, a mulher é uma amazona, maravilhosa, empoderada, à prova de balas, exala girl power, dona da porra toda e até de... Enfim. Depois disso tudo, eu queria ter a Mulher Maravilha, mas não queria ser. Mas aí eu lembro da Viúva Negra, e a disputa fica bem acirrada, e... Enfim, de novo.
Na real, na real mesmo? Eu queria ser um vampiro.
Julgadores, vão para o lado de lá, porque a minha referência vampiresca — perdão aos amantes dos clássicos — vem de The Vampire Diaries. Sim, sem mimimi de ser um bando de vampiros romantizados, são romantizados sim, e não estou nem aí, mas eles vem com um lindo botãozinho On/Off da humanidade, de brinde. Você já pensou que mágico seria ter o poder de ligar e desligar os teus sentimentos quando bem entender? Porque ô coisinha inconveniente.
"Mas de que adianta se, quando eles ligam o botão de novo, além de sofrer pelo que fugiram antes, vão sofrer em dobro pelas consequências de tudo o que fizeram enquanto estavam desligados?"
E daí? Nada é perfeito. Pelo menos, até lá, você consegue ao menos dar um tempo para o coração descansar em paz.
"E depois sobrecarrega-lo?"
O bichinho é forte, ele aguenta. Tem espaço para muita cicatriz ainda.
"Essa frase é minha".
Cale a boca, Catarina. Tu nem está aqui de verdade. Essa conversa está acontecendo só com um inferno na minha cabeça.
Então, ela sumiu. E o eco das vozes mais ao fundo voltou a ressoar, quase como uma forma do meu cérebro me aplaudir por pensar claramente de acordo com a realidade. E como eu estava dizendo... Imagina que mágica seria se tu tivesse esse botão de liga-desliga? Pouparia muita coisa.
"Você só estaria tapando o sol com a peneira".
— SAI DAQUI!
Dessa vez, o barulho parou completamente. Não só a voz dela, mas todas as vozes que antes rodeavam o ambiente. Para onde eu virasse o rosto, encontrava um par de olhos curiosos.
— Ali? O que foi, mulher?
Encarei os olhos de Angélica. Os únicos que não pareciam curiosos. Mas também não os queria sobre mim agora.
— Desculpa gente, eu só preciso ir ao banheiro.
A velha desculpa do intestino preso. Nunca falha! Quem tem problema com prisão de ventre sabe o inferno que isso pode provocar no humor de alguém. Ou, pelo menos, eu esperava que soubessem.
— Eu roubei esse último espetinho aqui para ti.
Ouvi a voz vinda de trás e senti o nó na garganta apertar quando Angélica veio se apoiar ao meu lado, no beiral de ferro. O vento bagunçava nossos cabelos enquanto a vista da cidade se mostrava completamente iluminada, embora já estivéssemos madrugada adentro.
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Consequências
RomanceEu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, c...