Chapter Thirty Seven.

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A gente nunca sabe ao certo quantas voltas o destino pode dar até de fato chegar onde tem que chegar. A gente nunca tem como ter certeza de nada. Na minha matemática de mundo atual, nem mesmo a morte é uma certeza, e olha que essa é a única certeza absoluta de todo ser humano que ainda respira no mundo.

Então que seja, eu sou um alien mesmo.

Sempre que vou explicar algo para alguém, tenho a sensação e quase sempre a certeza de que a pessoa não vai entender o que quero dizer. Eu pareço um trator quando nervosa, e falo demais. Às vezes coisas que nem sequer penso, e às vezes coisas que penso demais, e simplesmente vomito tudo em um jato de palavras, atropelando tudo que passa na frente. E quando a ficha caiu, já era tarde demais. Está tudo no ar. Palavra dita não volta atrás nunca, não importa o quanto a gente tente. Não existe nem borracha para apagar caneta, imagina para apagar do universo?

— Mas olha que moço bonito. Que coisa mais linda vocês dois juntos!

Engoli em seco quando minha mãe alargou os braços ao redor de Diego, que riu um pouco baixo, educado que só ele.

— É um prazer conhece-la, dona Luciana.

— Dona, não. Pode chamar só de Luciana.

Minha mãe e suas crises de meia idade. Estava tão traumatizada de ser chamada de "tia", que hoje em dia fazia cara feia se alguém desse qualquer adjetivo na frente do nome.

Só Angélica que fugia à regra, e ela já tinha desistido de pedir para parar. Com ela, seria "tia" para sempre.

— Certo. Luciana. — ele sorriu, todo cavalheiro, depositando um beijo na mão dela.

— Então esse aqui é o rapaz?

Meu pai brotou de trás da minha mãe, fazendo com que Diego enrijecesse um pouco onde estava, o que me deu vontade de rir, mas mordi a língua para não deixa-lo mais nervoso do que já estava. Se eu não estava confortável com aquela situação, imagina ele como deveria estar se sentindo?

— Como vai, senhor?

Diego estendeu a mão, que o meu pai apertou com firmeza.

— É um prazer, filho.

— Pena que nessas circunstâncias, não é mesmo? — minha mãe de repente trouxe acidez à voz, e eu revirei os olhos.

— Oi pai, oi mãe, eu também estou morrendo de saudade de vocês.

Meu pai riu.

— Sua mãe ficou com ciúmes de saber do seu namoro pela TV.

— Não foi ciúmes! — mainha se defendeu — Mas as coisas não são assim, nós ainda somos seus pais, não acha que merecemos pelo menos um pouco mais da sua vida privada? — ela me encarou — Tudo bem que brincamos o tempo todo de dizer que somos os seus maiores fãs, mas não é por isso que tem que tratar a gente como se fôssemos fãs.

Depois, eu que era a dramática.

— Deixa a menina, Luciana. — meu pai se aproximou de repente — Vem filho, vamos levar essas malas lá para cima. Deixa as mulheres se entenderem. — falou e Diego me olhou por um momento, mas eu apenas assenti e meu pai deu um leve tapa em seu ombro — Confia em mim, não vai querer ficar no meio disso.

E de fato, não quis. Os dois se encaminharam com as malas pela escada, e minha mãe me olhou meio de lado. Respirei fundo por um momento. Não queria aquela conversa. Não queria mesmo. Nem sabia se tinha clima para ela.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora