— Como assim era tudo mentira?! — Angélica repetiu pela terceira vez — Mentira, mentira?
— Mentira, mentira.
— Tudo?! — enfatizou.
Respirei fundo.
— Tudo.
— Então tu e Diego... — ela engasgou, depois afirmou a voz — Era mentira desde o começo?
— Não. — fui rápida — Não, claro que não. No começo, era... Não foi nada planejado. A gente se conheceu, ele me tirou da lama, eu me apaixonei por ele...
— Por ele ou pelo que ele fazia por tu?
— Oi?
— Ele te tirou da lama. — usou minhas próprias palavras — Na grande maior parte desses casos, a gente só repara no cavalo branco e na armadura brilhante, sem nem se importar com quem é o cavaleiro.
Mordi o lábio.
— Ele me fazia bem. Bem demais. — respirei fundo — E eu poderia sim, ter me apaixonado por ele de verdade.
— Se Catarina não tivesse voltado. — ela complementou.
Balancei a cabeça positivamente.
— Então ele sabia da Catarina?
— Desde o começo, não. No começo, era só eu e ele. E o sentimento que eu tentava matar dentro de mim, mas pense em um bichinho duro na queda. — tentei fazer piada, mas Angélica não sorriu e eu suspirei — Eu fiquei dividida entre o que estava me fazendo bem, e o que eu sabia que acabaria me fazendo mal, mas que era exatamente o que eu queria. E a minha cabeça ficava: para que você vai se meter nisso de novo? Está tudo tão bem aqui, por que voltar para esse caminho de confusão? — dei com os ombros — E em parte, minha cabeça tinha razão, sabe? Mas aí, quando teve o acampamento...
— O acampamento em que vocês sumiram, e que depois tu adoeceu? — apertou os olhos — Inclusive, onde vocês foram parar? Engraçado como a gente mal conseguiu conversar direito depois disso, porque parece que a rotina toda apertou de uma forma...
Mordi o lábio. Tinha esquecido o quão grande era o "tudo" que ninguém sabia.
— Bom...
— Alice!!! — ouvi a voz no final do corredor e virei o rosto rapidamente.
Aline se aproximava em um passo rápido, ainda com o telefone na mão.
Fiz sinal de silêncio para ela.
— São 6h da manhã. Quer acordar os vizinhos?
— Foi mal. — abriu um sorriso tímido — O papai acordou.
— É mesmo?! — falei rapidamente — E como ele tesá?
— Está bem. Disse estar sentindo dor, apenas. Por causa do exame lá, que fizeram.
— É, é um procedimento chatinho. — passei a mão no rosto, sentindo um alívio dos grandes ao menos por um segundo — Você falou com ele?
— Bem rapido. A mamãe passou o telefone, mas ele não podia falar muito. Mas ainda assim, está bem melhor.
— Isso é bom. Ela falou mais alguma coisa?
— Não. Só perguntou como estavam as coisas aqui, e a que horas a gente ia para lá.
Mordi o lábio, e encarei Angélica meio de canto, antes de voltar à Aline.
— Faz o seguinte, vai tomar um banho e arrumar as tuas coisas que a gente vai.
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Consequências
RomanceEu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, c...