— O que foi que eu fiz para você? — a voz dela soou firme pela primeira vez, desde que ela decidiu me encarar de frente.
Eu a encarei, erguendo uma das sobrancelhas.
— Essa é mesmo uma pergunta séria?
Ela apertou os olhos por um momento, enquanto respirava fundo.
— Eu vou refazer a pergunta: você está ficando doida?
— Melhorou. — repuxei os lábios em um sorriso — E... não. — me recostei à parede enquanto a encarava, bebendo um gole da cerveja — O jogo não tinha nenhuma restrição de perguntas.
Eu ainda conseguia visualizar a expressão aterrorizada que ela fez assim que acabei de falar. Mesmo Angélica e Gabriel, que estavam por dentro da nossa história, ficaram confusos, porém tentaram não transparecer muito. Juliana e Diego, os desavisados, gargalharam em uníssono... talvez pelo efeito da bebida, e parabenizam por "esquentar as coisas".
Mas ela gelou.
Porque ela sabia exatamente sobre o que eu estava falando.
— Você não pode ficar fazendo essas coisas. Já pensou se Diego tivesse... — ela usava as mãos para gesticular.
— Vocês estão namorando? — eu a cortei.
— Isso deixou de ser da sua conta no momento em que você foi embora.
Ergui uma das sobrancelhas, respirando fundo por um momento. Senti as palavras virem na ponta da minha língua, mas eu as engoli.
— Olha, Alice...
— Catarina?! — ouvi na hora que a voz se aproximava da porta do banheiro.
Ela havia se recostado no sofá, passando a mão nas têmporas.
— Acho que não estou me sentindo bem... — comentou, e eu revirei os olhos.
— Que que tu está sentindo, bebê? — Angélica perguntou quase na mesma hora.
— Não sei, um negócio estranho... — até sua voz parecia meio morta.
Se eu não a conhecesse bem, diria que até pareceu convincente.
— Tu quer que eu vá contigo ao banheiro?
— Continua a brincadeira, Angélica. — intervi, e as duas me encararam — Deixa que eu acompanho ela.
Minha expressão deve ter sido exatamente a mesma que fiz, ao ouvir as desculpas de Alice, na hora de me responder.
E da mesma forma, ela me encarou do jeito que me encarava agora. Assim que ouvi os passos de Juliana se aproximando do banheiro, envolvi a cintura de Alice com o meu braço e a puxei para dentro do box do banheiro, fechando a porta atrás de nós.
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Consequências
RomanceEu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, c...