Chapter Twenty Nine.

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— Você fez o quê?! — arfei, enquanto a encarava.

Ela mantinha a expressão de menina inocente, enquanto acariciava a gata que se roçava entre suas pernas, mesclando-se ao pijama de gatinhos.

— Eu não aguentava mais ficar lá. — deu com os ombros.

— Alice, pelo amor de Deus, você ainda está doente.

— Eu estou bem melhor, foi só uma gripezinha.

— Gripezinha? — ergui uma das sobrancelhas — Eu fiquei sabendo que você estava com pneumonia.

— Ah, só parece mais grave porque minha imunidade estava baixa. — deu com os ombros — Não deixa de ser uma gripezinha.

— Eles te deram alta? — perguntei, mesmo sabendo da resposta. Ela mordeu o lábio, demorando alguns segundos para responder — Alice?

Ergui uma das sobrancelhas, e ela me olhou com relutância.

— Então... — começou a falar meio enrolado — Sabe aquele papelzinho que eles te fazem assinar, assim, para que caso aconteça alguma coisa, o hospital não seja culpado?

Levei a mão ao rosto, fechando meus olhos por alguns segundos.

— Um termo de responsabilidade?

— É esse o nome? — sorriu amarelo — Então, é isso aí mesmo.

Eu a observei, enquanto parecia completamente serena, sentada na cama com as pernas cruzadas em um laço. Uma enorme bola de pelos branca e gorda entre suas pernas, e a outra a observando meio tímida, curiosa, se aproximando devagar, enquanto Alice tentava chamar sua atenção arrastando as pontas das unhas pelo lençol.

— Eu vou te levar de volta. — me levantei da cama devagar.

Precisava me lembrar onde estavam as chaves do carro, primeiro.

— Não! — ela retrucou na mesma hora, se esticando para segurar meu pulso, antes que eu levantasse.

E acabando completamente com suas chances de que a minha outra gata se aproximasse dela.

— Eu não quero voltar para o hospital. — choramingou — Saí de lá dizendo a eles que queria ir para casa.

— E você ainda mentiu?! — revirei os olhos — Sério, Alice?

— Não menti.

— E você está em casa, por acaso? — ergui uma das sobrancelhas, observando-a enquanto engatinhava lentamente para mais perto de mim.

— Ué. — ela uniu as sobrancelhas — E quem foi que disse que 'casa' tem que ser um lugar?

Ela abriu um sorriso levemente vitorioso quando eu não consegui responder, enroscando o corpo no meu, sabendo que aquela batalha já estava ganha.

Eu queria que qualquer outro órgão controlasse meu corpo. Sei lá, meu pâncreas!

Tudo, menos meu coração.

Maldita fosse Alice Cardoso e o seu complô com ele. Para onde eu iria com toda essa loucura? Estava começando a acreditar que ela tinha algum veneno, e que me infectava toda vez que me encostava. Era como uma droga, que vinha sem aviso de efeitos, mas todos os efeitos colaterais me golpeavam em extremidades distintas. Será que ela nunca tinha percebido que toda vez que eu a olhava, perdia a razão? Ou será que ela sabia tanto disso, que usava contra mim?

— Sabia que às vezes eu odeio você? — falei de repente, enquanto sentia seu nariz roçar lentamente pelo meu pescoço.

Eu observava nossas mãos entrelaçadas, enquanto ela brincava com o a ponta do indicador contornando os tendões dos meus dedos.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora