Chapter Sixteen.

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A semana passou como um pulo, e podia sentir todo o peso sobre minhas costas daqueles dias. Capturar momentos como brincadeiras em um balanço, viagens de carro, cenas de amor na cama. Eram cenas, cenários e roupas distintas diariamente, e embora as gravações fossem fáceis, sempre faltava alguma coisa. Ou alguém. Eu e Alice tomamos juntas a decisão inconsciente de nos mantermos fora do caminho uma da outra, e os únicos momentos em que nos cruzávamos era nos corredores, ou nas filmagens que eu precisava fazer com ela e Angélica. Mas na grande maior parte do tempo, eu gravava com Martín.

Ele era divertido e sabia me deixar à vontade, claramente não era novo naquilo e sabia muito bem o que fazia. A forma que ele me olhava para cada foto, cada tomada, cada cena, era como se trouxéssemos dentro de nós, uma relação de alma vinda de outras vidas. Era aquelo tipo de olhar que fazia com que alguém pensasse ser único na vida daquela pessoa. E era um olhar perigoso.

— Câmera, ok? — ouvia a voz de Juan de fundo.

— Ok! — a resposta veio da lateral do estúdio.

— Então, vamos lá. — dessa vez se direcionou a nós — 1... 2... 3... Ação!

A sensação de regravar aquela cena do despertar com Martín, foi... diferente. Não havia todo aquele nervosismo de dividir a cama com alguém especial, nem o meu estômago se desfazia de alguma forma. Mas era estranho estar naquela intimidade na cama com um homem. Já fazia muito tempo que isso não acontecia. E fingir parecia absurdamente fácil. Cada movimento, cada toque, que fazíamos no corpo um do outro, pareciam estranhos e indevidos, e ao mesmo tempo, absurdamente familiares. Ele me segurava com intimidade, o que me despertou curiosidade para ir atrás de outros trabalhos que ele pudesse ter feito.

Si puedo perguntar... — ele falou de repente, vindo se encostar no capô do carro, o qual eu estava sentada em cima — Por que aquela canción?

Cada vez mais se tornava claro que eu não tinha psicológico para lidar com esse sotaque. Juntei minhas duas pernas em cima do capô, para que pudesse abraçá-las, enquanto observava a estrada que seguia para o horizonte. Levei alguns minutos para entender sobre o que ele estava falando, mas logo me veio à mente o episódio trágico do dia em que nos conhecemos.

— Como assim? — virei um pouco o rosto em sua direção, e ele fez o mesmo, para me observar.

Es culpa de un corazón partido?

Falou de repente e eu talvez tenha arregalado um pouco os olhos, pela surpresa. Continuei a observá-lo por alguns segundos.

— Por que diz isso? — fugi da pergunta.

— Na hora eu só entendi algunas frases, así procurei la canción na internet para poder comprender.

— Ah. — foi só o que consegui dizer.

Talvez estivesse enrijecida demais no momento. Ele me olhava diretamente nos olhos, sem desviar. Então eu que tinha que desviar, o que detestava fazer. Mas ele tinha o olhar intenso, parecia até um devorador de almas. Isso era estranho. Não que fosse ruim, era apenas incomum.

— Aquela chica partiu tu corazón? — perguntou sem mais delongas e eu estava começando a me sentir incomodada. Ele era invasivo, e me vasculhava com a mesma intimidade com que me tocava nas filmagens — Es Alice?

Eu abri a boca preparada para dar um corte. Em seguida pensei em algumas grosserias para falar, e misturei com alguns desvios da pergunta. Mas logo depois respirei fundo. Porque nenhuma das respostas pareceria certa.

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