Chapter Eleven.

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ALICE



Eu sabia. Eu sabia. Sabia, sabia, sabia. Sabia que algum dia os santos se revoltariam comigo por conta dos meus pecados. Mesmo eu já tendo me confessado e rezado todas as ave-marias e pai nossos, sempre fica um vestigiozinho que vem ser cobrado com juros mais tarde.

— Prazer em quê? — Angélica uniu as sobrancelhas.

— O prazer é todo nosso. — cortei-a antes que falasse mais algo, e retribuí o sorriso de Catarina — Seja bem vinda, viu?

Angélica virou o rosto para mim, me encarava como se eu fosse uma louca.

Nem precisava ler pensamentos para saber que ela gritava mentalmente "O QUE QUE TU TÁ FAZENDO?". Mas eu não sei. Não fazia a menor ideia, na verdade.

— Obrigada. — me respondeu com um sorriso que nem sabia o que queria dizer.

A questão não era o que eu estava fazendo, era o que ela estava fazendo.

— Meninas, não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome. — Juan fez menção de que as mulheres se sentassem, antes de puxar uma cadeira para ele.

— Eu poderia comer uma picanha inteira sozinha. — Becca mostrou os dentes assim que sentou à mesa.

— Jesus ensinou a dividir. Você teria coragem de comer uma picanha inteira sozinha na minha frente? Logo você, Becca? — encarei-a como se estivesse chateada, e ela riu.

Mas era sério.

— Comemos nós duas, então. — ela piscou para mim — Eu divido com você.

— Agora sim, fica justo.

— Então, pessoal? O que vamos pedir?

Eu tentei, juro que tentei. Passei o almoço inteiro olhando tudo ao meu redor. Devo ter interagido visualmente mais com o garfo do que com qualquer um na mesa. Mas todas as vezes que ela abria a boca, eu quase me engasgava.

— E você, o que acha, Alice?

— Oi? Eu? — pisquei os olhos, virando para Juan — De quê?

— De construir a história do clipe em um retrocesso, começando de quando a personagem decide partir, e trazendo todo o contexto no formato de lembranças.

— Eu acho... Eu acho ótimo.

— Então já podemos trabalhar nessa margem. Nós não tínhamos discutido quesito nudez, não é, Catarina?

Quase engasguei ao ouvi-lo.

— O quê?! — encarei-o.

— Não. — ela respondeu simplesmente.

— É, serão apenas algumas cenas. Haverá cenas de envolvimento entre o par romântico do vídeo, então haverá momentos em que você estará deitada com o outro ator, e a ideia é que a câmera pegue as suas costas despidas.

— Como assim, menino? De onde que veio isso? — Angélica falou de repente, e eu agradeci aos céus.

— Meninas, não precisam se preocupar, vocês não vão precisar fazer isso.

— Sim, mas... Mas... Catarina também não poderia fazer isso. — retruquei.

— E por quê não, Alice? — ela me encarou, arqueando uma das sobrancelhas. Do jeito que sabia que me tirava o juízo que já não tinha.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora