Chapter Fifty.

4.6K 214 303
                                    



ALICE


Às vezes a gente se perde. Às vezes a gente desvia do caminho, pega um atalho; às vezes nem nos damos ao trabalho de entender o mapa e só saímos no aleatório. Nem sabemos o caminho e nem confiamos no GPS, por causa dos buracos em que ele nos mete. Às vezes a gente precisa contornar uma pedra e acaba não encontrando o retorno. Às vezes o caminho está tão perto, mas vamos entrando em meio a labirintos.

E às vezes a gente só se perde.

Sem explicações.

Sem motivos.

Sem "mas".

A gente só não encontra o caminho de volta.




— Como tu está, heim?

Ouvi a voz de Angélica sibilar baixinho perto da cama. Consegui encará-la meio de lado. Pisquei os olhos algumas vezes.

— Eu... Estou viva. — brinquei e consegui arrancar uma risada dela.

Mas logo depois tentei me virar na cama e a dor aguda na minha bacia quis se pronunciar, mostrando que não estava tão viva assim. E a resposta foi um grito em um agudo que eu nem sabia que podia alcançar.

— Tu não sabia que tinha alergia? — mordeu o lábio.

Respirei fundo, apertando os olhos, balançando a cabeça negativamente.

— Eu só não digo que foi a pior ideia que eu já tive porque foi por uma boa causa. — trincava os dentes, falando meio esganada — Como ele está?

— Aline saiu daqui quase agora, ele está bem. — ela me encarou — Já começaram com a medicação para poder fazer o transplante.

Depois que deu as caras, a dor decidiu que era legal, que era quentinho ficar por ali e ter toda aquela atenção, então achou que podia ficar, fazendo minha bacia de pula-pula.

— E a Ly? Como ela está?

Angélica revirou os olhos.

— Alice, se preocupa um pouquinho contigo.




Às vezes, a gente simplesmente para e senta no meio de uma ponte, sem saber para onde ir, mesmo que só tenha uma reta em frente para seguir. A gente finge de cego, surdo e mudo, porque muitas vezes não queremos aceitar que só tem um caminho para seguir. A gente não quer aquele caminho. E sem perceber, o nosso corpo vai ficando pesado. E mais pesado. E a gente não percebe.




— Vão trazer o remédio daqui a pouco. — falou, como se minha expressão de dor estivesse na cara. E devia estar mesmo.

— Falando nisso, eu tive um sonho esquisito — Eu sonhei que a minha mãe conhecia a Catarina. — ri um tanto baixo, me lembrando da cena — E que elas discutiam. Foi bizarro, você não imagina.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 18, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora