Com o rosto em frente ao dela, eu a observava. Observava seus olhos, que observavam minha boca, enquanto sua própria boca respirava fundo. Buscava qualquer sinal de que de fato estaria contra aquilo. E nada. Ela parecia aquelas pessoas típicas que dizem "não", querendo dizer "sim", e vice-versa.
— Catarina, nã...
Então eu não a deixei terminar. Estava cansada desse teatrinho fajuto, portanto, antes que pudesse sequer começar a frase, eu encaixei meus lábios aos dela, usando meus braços para prendê-la ali onde estava, com as mãos apoiadas na parede, de cada canto do seu corpo. Enquanto ela usava os dela para tentar me empurrar. Usei uma das mãos para levar à sua nuca, do mesmo jeito que havia feito no sofá, e entrelaçando meus dedos na raiz de seus cabelos, de forma a puxá-los, dessa vez com um pouco mais de força. E assim que ela entreabriu os lábios para soltar um gemido baixo, eu invadi sua boca. Deslizei minha língua por entre seus lábios, deixando me tomar pela saudade que sentia de seu gosto. Suas unhas cravavam em meus ombros, por raiva, ou por outra coisa, mas dessa vez ela não correu.
Usava as mãos para tentar empurrar meus ombros, e logo em seguida cravava as unhas ali e me puxava de volta, contra o seu corpo. Ela me beijava com raiva. A mesma raiva que eu sentia. E descontava nos apertos que dava em sua cintura, cravando as unhas ali. Não me importava se a marcaria, eu não estava nem aí. Mas independentemente do que se passava em nossas vidas, naquele momento, eu a calaria.
— Me solta... — soltou um sussurro quase inaudível contra os meus lábios, antes de mordê-los com certa força, puxando-os para si.
— Tem certeza de que é isso que você quer? — usando uma das coxas, afastei um pouco suas pernas para poder me encaixar no meio delas, fazendo com que arfasse com o choque do contato — Isso aqui me diz outra coisa.
Eu a encarava, enquanto minha mão se atrevia pelas curvas de sua cintura. Suas tentativas de me empurrar ficavam cada vez mais fracas, até que começaram a fazer o movimento contrário. À medida que eu forçava meu corpo contra o seu, ela me puxava para mais perto. Até que suas mãos se encaixaram em meu pescoço, e ela inclinou o rosto em direção ao meu, encaixando seus lábios com pressa contra os meus. Sua mão apertava minha nuca enquanto ela invadia minha boca em urgência com sua língua, sibilando pequenos gemidos à medida que o atrito entre nossos corpos aumentava.
Ela não fazia cerimônia nenhuma enquanto enroscava a língua contra a minha, ao ponto em que eu não precisava mais das mãos nas paredes para prendê-la ali, ela mesma estava encaixada contra o meu corpo. Sentia suas unhas passearem pelas minhas costas, com certa força, o que me arrancava alguns sibilos baixos entre o beijo. E ela era tão filha da puta, que sorria com isso. Podia sentir que queria mais, à medida que suas mãos se tornaram mais firmes ao explorarem meu corpo. Ela passeava pela minha barriga desnuda, já havia chegado ao meu quadril, e agora ela percorria em direção aos meus seios. Novamente, sem cerimônia.
Queria ver até onde ela iria. Mas logo sua outra mão me respondeu, enquanto seguia pelas minhas costas em direção ao fecho do meu sutiã. Brincava com ele enquanto descia os lábios pelo meu pescoço. Deslizava a ponta de sua língua pela pele do mesmo, trilhando caminhos distintos em direção ao lóbulo da minha orelha. Ela conhecia meus pontos fracos, e quando os explorava, me olhava discretamente em busca da minha reação, com um sorriso no rosto que não disfarçava. Enquanto me distraía com os beijos no pescoço, sua mão hábil já havia conseguido desatacar o fecho do meu sutiã, e só fui perceber quando senti suas alças começarem a correr pelos meus ombros, enquanto suas mãos agora percorriam minhas costas nuas.
Ela era sorrateira. E sem vergonha. Duas combinações que só serviam para foder a vida de uma pessoa. E a pessoa, também, nesse caso. Mas eu conhecia seu próximo movimento, e senti enquanto ela foi descendo os beijos sorrateiramente pelo colo dos meus seios, trilhando beijos pela minha clavícula, enquanto descia lentamente. Podia sentir um leve arrepio percorrer minha pele, o que me fez mordiscar o canto do lábio enquanto a observava. Mas antes de chegar ao seu destino final, eu a impedi, envolvendo o braço ao redor de sua cintura, puxando-a para que se virasse de costas para mim, colocando seu corpo mais uma vez contra a parede, encaixando meu quadril contra a curvatura do seu.
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Consequências
RomanceEu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, c...