Chapter Forty Two.

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Amor é uma coisa engraçada demais. Porque chega de mansinho, comendo pelas beiradas. E tu é ingênuo demais porque denomina como qualquer outra coisa, menos como amor. Amor é visto como tão inalcançável, que se em algum momento a possibilidade dele sequer estar perto aparece, a gente ainda assim tenta pensar como qualquer outra coisa. Borboletas no estômago? Não, isso é gases. Não consegue parar de pensar? É fome. O coração está batendo mais forte? É muita cafeína. Para tudo a gente dá desculpa, porque a gente tenta desviar os sentimentos para coisas palpáveis, que estão ali e que a gente pode colocar uma razão. Tem remédio para gases, tem comida pronta no supermercado, e tem descafeinado. Mas e para o amor? Qual é o remédio? Como faz, como controla? Onde pisa, pelo amor de Deus? Aí a merda é quando a gente descobre que não controla.

E danou-se tudo.

Ninguém deu nenhum tipo de manual de instrução. Pior ainda, não existe manual de instrução. O universo te manda a bomba nas mãos e fala "se vira para desarmar". É dar uma de Lara Croft e se jogar dentro de uma tumba da época da mesopotâmia para ir atrás de um artefato considerado mágico, mas que você nem sabe se é mágico de verdade em um lugar que tu sabe que é cheio de armadilhas e que tu não sabe nem por onde vai e possivelmente vai ter a cabeça decepada no primeiro quadradinho errado que pisar. E mesmo assim a gente vai.

Porque assim, Lara é Lara. E no cinema, Lara é a Angelina Jolie. Quer dizer, era. Dane-se, já foi um dia. Mas pelo amor de Deus, é a Lara. Aquela mulher parece que foi esculpida nos lençóis de Afrodite, e a gente aqui está como? Lara Croft consegue afundar junto com o navio e construir uma lancha debaixo do mar para se salvar. A gente? Tem é sorte se conseguir conhecer o Nemo.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O MUNDO?

Soltei para o vento. Notei um ou outro olhar das atendentes da companhia aérea, assim como algumas pessoas que tinham na fila. Mas quem disse que estava me importando?

— Mas moça, não tem nenhum outro voo antes do anoitecer? — Gabriel tentava fazer frente com a mulher.

— Sinto muito, senhor. Só à noite.

— Não era isso que estava dizendo no site, quando comprei a passagem.

— Alice, não vai discutir com a moça, ela só está fazendo o trabalho dela, pelo amor de Deus. — Angélica cutucou meu braço.

— Não tinha nenhum voo sem escala? — Gabriel me olhou de canto.

— Menino, essa cidade é um ovo, não tinha nem voo direto para o Rio. — Angélica respondeu por mim — A gente tinha que parar em Salvador para poder pegar outro avião.

— A vida está de sacanagem comigo. Que atraso do inferno, meu Deus, será que eu estou com um encosto?

— Mulher, calma, vai dar tudo certo.

Semicerrei os olhos para Angélica.

— Está vendo? A culpa é sua.

Ela arregalou os olhos.

— Minha? Eu fiz o quê?

— A culpa é tua, de no dia da festa do Ricardo, ter me convencido a ficar em casa fazendo maratona de séries, e comendo tudo que era doce. Você usou meu vício contra mim. — acusei.

— Ah, mas vai dizer que tu se arrependeu de ter passado a noite de pijama na minha companhia linda vendo Grey's Anatomy?

— Sim!!! Porque eu fui dormir chorando por causa da morte daquele homem. — choraminguei — Poderia ter ido dormir, sendo amiga daquele gringo que veio do Canadá.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora