— Isso é uma péssima ideia!
Dei um pulo quando Gabriel abriu a porta pela décima vez.
— Shiu. Não é a melhor das ideias, mas também não é péssima. — puxei-o para dentro novamente — Termina de se vestir.
Ele revirou os olhos mas trocou a camisa que estava, substituindo-a pela bata azul que havia acabado de entregar.
— Mas ele está certo, Alice. — Angélica falou mais baixo, enquanto trocava a própria calça — Todo mundo conhece a gente aqui na cidade.
— Nisso a gente dá um jeito. — falei com a voz já meio abafada enquanto acabava de amarrar minha máscara, e logo em seguida entreguei a outra na mão dela.
— O que é isso?
— É para colocar na boca.
— Eu sei que é para colocar na boca, Alice. O que eu estou perguntando...
— Alguém já falou que vocês são loucas? — Gabriel ria de nervoso, enquanto vestia o jaleco por cima da bata azul.
— Gabriel, calma, não tem nenhum segredo. Ninguém vai nem desconfiar. — falei meio abafado e ele me encarou de novo — Ah, toma! Coloca no pescoço.
Ele encarou o estetoscópio com ar incrédulo.
— De onde você desenterrou essas coisas?
— Você esqueceu que eu estagiei em hospital? — ergui uma das sobrancelhas. Ele arregalou os olhos, entortando a cabeça.
— Você já tinha me dito isso?!
Revirei os olhos.
— Tu ainda não explicou o que a gente vai fazer. — Angélica cutucou meu braço, desviando minha atenção de Gabriel.
Mordi o lábio, enquanto encarei os dois.
— Só temos que conseguir o prontuário do meu pai.
— Como é?!
O coro foi uníssono entre os dois, assim como o pulo dos três quando a porta se abriu. Poderíamos ter congelado ali mesmo.
— O que vocês estão fazendo aqui?
Minha garganta fechou no momento em que nos viramos para a mulher que se postou na entrada da porta. Tinha a expressão confusa, mas não necessariamente severa. Por baixo da franja acobreada que cobria a testa — que parecia ser bem grande, por sinal — os olhos estavam curiosos.
— Nós... — Gabriel engasgou. Ela revirou os olhos.
— Vocês estão sempre querendo burlar as regras. Se o residente de vocês os pega aqui dentro na hora do expediente, não sei nem o que vai ser de vocês. — grunhiu — Com quem vocês estão?
— É... Nós... Não... — gaguejei novamente, e logo engoli em seco — A gente acabou se atrasando, estava muito transito. — mordi o lábio — Você não vai dedurar a gente, vai?
Ela revirou os olhos de novo. Eita mulher amarga.
— Anda, vão logo. Desapareçam daqui antes que eu mude de ideia.
— Tu é um anjo, obrigada. — forcei um sorriso abafado pela máscara, logo em seguida empurrando Gabriel e Angélica pela porta, passando raspando ao lado da enfermeira.
Angélica também agradeceu baixinho, mas Gabriel quase tropeçou nos próprios pés assim que saímos pela porta.
— A turma do Dr. Santos foi para a emergência. — ela falou por sobre o nosso ombro assim que passamos.
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Consequências
RomanceEu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, c...