Chapter Forty One.

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— Eu não estou acreditando nisso.

Diego repetia pela milésima vez, enquanto Gabriel virava o rosto para esconder que ainda estava rindo.

Sim, Diego. Eu sei.

As coisas na minha vida são assim, parece cama elástica, em um momento você está lá no alto, achando que está voando, e depois tu cai que nem percebe e fica lá só deitado no chão enquanto todo mundo pula ao teu redor e você só fica quicando de um lado para o outro, sem conseguir se mexer.

Minha vida é todo dia uma eu deitada na cama elástica. Tenho tudo, menos controle.

A música ecoava alta nos fones enquanto Angélica pulava ao meu lado, batendo as mãos no banco interpretando com caras e bocas todas as versões inimagináveis das músicas mais aleatórias.

— Ah, deixa ela. Vai que algum dia ela queira, sei lá, abrir uma companhia de táxi? Pelo menos ela já tem por onde começar. — Gabriel respondeu, arrancando mais uma risada.

— Será que é por isso que eu me apaixonei por você? — Diego acompanhou Gabriel na risada — Porque você é muito louca, Alice.

Eu ouvi o que ele tinha dito.

E com as palavras que tinha dito.

Mas sei lá, sabe quando tua mente está só pairando? Teu corpo está ali presente, e tu tem noção racional de tudo o que está acontecendo ao redor dele, mas na verdade tua mente está completamente longe dali? Pronto. Era mais ou menos isso.

Meu estômago revirava por dentro, e dessa vez não tinha nada a ver com o avião, ou com a minha gastrite nervosa que ataca quando eu me estresso — e eu quase tinha voado no pescoço da moça das passagens no aeroporto — mas conseguia ser pior do que tudo isso junto. Porque nem quando o chão tremeu debaixo de mim enquanto o avião decolava e Angélica já estendeu a mão como se esperasse que eu me segurasse nela como sempre fazia, eu me movi do encosto da janela.

— E essa empolgação, mulher? — Angélica me cutucou com o ombro.

— Oi? — encarei-a de repente — Que foi?

Angélica riu, de repente se dando conta que eu nem me configurava mais como habitante desse planeta.

— Mensagem da Terra para ti, mulher. O que tu tem?

— Ah. — dei um riso meio sem graça — Desculpa, é que eu estou... Sei lá o que que eu estou.

Ela me observou meio de lado.

— Tu está arrependida?

— De ter comprado um táxi e deixado largado no aeroporto? — ri meio sem graça — Eu sei que foi uma ideia de anta.

— É, disso também, mas não era do que eu estava falando.

Eu a olhei, enquanto ela me observava. Esperei que terminasse.

— Estava falando disso. — ela gesticulou para o avião e eu uni as sobrancelhas — De ter deixado as coisas para trás.

Respirei fundo, finalmente entendendo o que ela queria dizer.

— Uma hora ia ter que acontecer.

Ela mordeu o lábio.

— Tua mãe ligou?

Balancei a cabeça negativamente, por um momento apertando o celular na mão.

— E o teu pai?

Balancei a cabeça de novo. Ela engoliu em seco.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora