Chapter Twelve.

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CATARINA


Eu sou uma mentira complexa, em que eu mesma acredito, e manipulo todos a acreditarem também. Isso se tornava mais claro a cada minuto em que eu mascarava as batidas gritantes que o meu coração dava dentro do peito, enquanto a observava. Seus olhos nunca permaneceram fixos nos meus por tanto tempo, desde que havíamos nos encontrado novamente. E eu me sentia presa ali de certa forma. Não havia movido um músculo sequer desde que ela havia se deitado naquela cama.

Podia sentir a respiração me abandonar os lábios, e voltar em seguida, entrecortada. Meu corpo não me obedecia, junto ao dela. Meu coração gritava descompassado. Minhas mãos deslizavam em impulsividade. Minha boca estremecia em ânsia. Tive medo de sucumbir de alguma forma em uma crise de ansiedade, tanto era a falta de controle que sentia sobre mim. Tive medo até de sentir vontade de batê-la por me encarar daquele jeito. E eu sentia vontade de batê-la. De vários jeitos.

O corpo dela estava a centímetros do meu, e permanecíamos cada uma com uma cabeça deitada em um travesseiro, deitadas de lado, uma para outra. Me lembrava a última vez que havíamos estado juntas. Em uma cama de forro e tecido branco, onde a nossa pele contrastava em movimentos uniformes. Seus olhos me encaravam de uma forma invasiva, e eu fui levada de volta àquela noite. Quase podia sentir seu corpo arqueado colado ao meu. Junto a ofegos. Sussurros. Beijos. Toques. Gemidos...

— Luz, ok! — ouvi o grito de fundo.

— Câmera, ok! — outro setor gritou.

— Som? — Juan perguntou. Silêncio se manteve por um tempo — Robson, está tudo certo?

Agora, sim. Só faltava um cabo.

Silêncio se manteve por mais algum tempo, enquanto ouvia uns chiados na caixa de som, como uns últimos ajustes.

Certo, vamos começar. — ouvi a voz de Juan ao fundo, pela caixa de som — Prontas, meninas?

Foi ela quem fechou os olhos primeiro, logo em seguida fazendo um sinal positivo em frente à câmera. Esbocei um sorriso leve antes de me ajeitar na cama. Pude sentir seu corpo também se ajeitar, para mais próximo do meu. Fechei meus olhos, logo em seguida fazendo um sinal positivo com a cabeça também.

— 1... 2... 3... Ação. — ouvi novamente a voz sair pela caixa de som, para logo em seguida começar as primeiras notas da música.

Mexi minha mão na cama devagar, começando a dar os primeiros sinais de consciência ao corpo de minha personagem, que deveria estar acordando. Mexi também a cabeça, como se me esticasse na cama, antes de abrir os olhos lentamente. A personagem dela ainda dormia, o corpo relaxado na minha frente. Seu semblante permanecia calmo, sereno. As mechas do cabelo caíam em ondas por cima do rosto dela, e eu tive o impulso de retirá-las, mas deveria permanecer quieta. Por enquanto.

Eu a observava como se analisasse cada detalhe, antes de estender a mão lentamente ao seu rosto, na tentativa de absorvê-los. Gravá-los em mim. Percorri com as pontas dos dedos o caminho da lateral de seu rosto, do maxilar, como se desenhasse as linhas do mesmo. Deslizava as pontas dos dedos pelas têmporas, escorregando lentamente a linha da maçã do rosto, antes de acompanhar a curva do queixo, pouco antes de chegar aos lábios, que se entreabriram ao meu toque. O que me fez querer senti-los. Fechei meus olhos novamente, então, na tentativa de cortar o fluxo contínuo de sensações que submergiam dos quintos do meu inferno pessoal.

Bom, Catarina, muito bom... Agora levante devagar para termos o cuidado de não expor você. — a voz de Juan saía baixa pela caixa de som — A camisa que vai vestir está apoiada na cadeira do computador.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora